Após a morte de Matthew Warren, filho do pastor americano Rick Warren, ressurge a questão: Quem comete o suicídio vai para o céu ou para o inferno?

Segundo o pastor, em entrevista ao Washington Post, Matthew disse ao pai dez anos atrás que iria para o céu. “Nunca me esquecerei de como, muitos anos atrás, depois de uma tentativa falhada de dar a ele algum alívio, Matthew disse: ‘Pai, eu sei que vou para o céu. Por que eu não posso apenas morrer e acabar com toda essa dor?’”, relembra o pastor. O jovem lutava contra uma depressão profunda e um problema mental.

Peter S. Chamberlain, um advogado aposentado, afirmou ao The Christian Post que o suicídio “não é o pecado imperdoável”. Segundo ele, que se considera um expert em suicídio – perdeu um irmão e tentou diversas vezes se matar –, a fé em Deus é uma das maiores ajudas que a pessoa pode ter para se livrar dos pensamentos suicidas, mas é preciso muito mais que apenas “força de vontade”.

O apologista Jim Denison concorda com Chamberlain e afirma que a ideia de que o suicídio é o pecado imperdoável é uma má interpretação da teologia católica, “que ensina que os ‘pecados mortais’, como o assassinato, devem ser confessados para que o pecador se redima e não vá para o inferno”.

“Já que uma pessoa que tira a própria vida não pode confessar esse ato, alguns concluíram que a pessoa iria para o inferno. No entanto, a igreja católica claramente permite [no reino dos céus] aqueles que sofrem ‘graves distúrbios psicológicos’ e afirma que ‘não se deve perder a esperança na salvação das pessoas que tiraram suas próprias vidas”, afirma Denison.

O psiquiatra cristão Pablo Martínez Vila afirma que, quando alguém está sob efeito de alguma doença mental, Deus – “o juiz perfeito” – não considera como um pecado, pois a pessoa não está em seu estado mental perfeito. No entanto, quando ela decide tirar sua própria vida, como se fosse a dona de seu destino, “aí reside o pecado condenado pela Bíblia”.

A igreja católica descreve diversos “níveis” de pecados, “grandes e pequenos”, segundo o pastor Duke Taber. Taber discorda de Denison ao afirmar que os católicos consideram o suicídio um “grande pecado”, o que significa que os suicidas “perderiam seu estado de graça e cairiam em condenação eterna”.

O escritor James Watkins acredita que a Bíblia afirma que a relação que a pessoa tem com Deus é o que determina se ela irá para o céu ou para o inferno. Ele cita a passagem de Efésios 2:8-9: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”.

Ele ainda lembra a passagem de Hebreus 6:4-6, que afirma que as pessoas só irão para o inferno se rejeitarem Jesus como seu Salvador. “Tenho certeza que Deus ama a todos que se sentem desesperados e depressivos, e Ele irá julgar suas ações com Sua misericórdia e justiça baseado na sua relação com Seu Filho”, afirma Watkins.

Duke Taber compartilha desse pensamento. Para ele, a salvação “não está baseada no quanto somos bons ou se fazemos tudo direito. Se assim fosse, Jesus não teria morrido na cruz por nós e estaríamos numa situação na qual nenhum de nós iria para o céu”.

O pastor Taber defende a ponderação. Segundo ele, quem tem coragem de cometer suicídio está mentalmente doente e, a partir daí, a avaliação deve ser feita.

“A questão é se Deus usa essa doença contra uma pessoa no momento de decidir se ela vai ter entrada permitida no céu? Ele faz isso com pessoas que morrem de câncer? Ou pessoas que morrem de ataque cardíaco? Isso é razoável?”, questiona o pastor Taber.

A Bíblia, apesar de considerar o suicídio um pecado, não faz com que o ato seja considerado determinante para uma pessoa ir para o céu ou não. A passagem de Coríntios 3:15 aponta o que pode ser considerado uma descrição do que acontece com um suicida: “Se o que alguém construiu se queimar, esse sofrerá prejuízo; contudo, será salvo como alguém que escapa através do fogo”.

[b]Fonte: The Christian Post[/b]

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