O título de apóstolo está na moda na América Latina e no Caribe, onde pastores se consideram ungidos de Deus, validados pelo crescimento de suas igrejas, mas assumindo posturas autoritárias, asseguraram pastores e líderes evangélicos no debate com o teólogo norte-americano Juan Stam.

Após proferir conferência sobre Poder e Autoridade no marco das atividades dos 90 anos da Primeira Igreja Batista de Manágua, que a denominação celebrará em março de 2007, Stam declarou à ALC que muitos pastores atuam como ditadores ao se intrometerem em todos os aspectos da vida dos fiéis, como se tudo soubessem ou estivessem em linha direta com o Todo-Poderoso. “Eu recomendo a esses pastores que aprendam a consultar e trabalhem em equipe, em grupos, que consultem e que acompanhem os seus fiéis”, disse o teólogo.

Essa tendência ditatorial provoca malefício às pessoas e acontece em todos os países da América Latina, agregou o teólogo. Ele contou que ouviu fiéis afirmarem que amam a sua igreja, mas não gostam que o pastor escolha com quem devem casar.

Stam disse, na conferência, que o apóstolo é o enviado, o mensageiro, e na Bíblia não aparece nenhuma sucessão de apóstolos, mas sim que eles foram testemunhas da ressurreição.

A verdade é que esse titulo está na moda e pastores ou líderes utilizam-no porque dá mais autoridade, mas sobretudo recorrem ao título aqueles pastores que têm sede de poder e dinheiro. Outros usam esse nome porque o titulo de pastor é muito pequeno para pregadores de mega-igrejas. “O que a Igreja precisa é de servos”, destacou.

O pastor da igreja Batista, Félix Ruiz, disse que o movimento de apóstolos que se entendem ungidos está criando conflito nas congregações e que nas igrejas da Convenção Batista já ocorreram divisões. Na Nicarágua pastores usam o termo apóstolo e até mesmo de benfeitores da humanidade.

Stam disse que é preocupante para a Igreja escutar um pregador que sabe tudo, que só ele é autorizado, que só ele pode levantar a voz. Essa tendência hierárquica não é sadia na igreja, destacou.

O teólogo norte-americano pediu aos pastores para não sejam autoritários. Quanto à participação dos evangélicos na política, o teólogo respondeu que é impossível não se meter em política, mas que é preciso fazê-lo sendo mais evangelista do que político. É um desafio cristão a participação política na busca de um governo justo, em igualdade econômica, fazendo os que têm mais doarem bens aos que têm menos, afirmou.

Fonte: ALC

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