A revista missionária “Além-Mar” apresenta na sua edição de setembro uma peça dedicada à perseguição religiosa na Arábia Saudita, classificada como o segundo país mais intolerante em matéria de liberdade religiosa.

A Muttawa, polícia religiosa da Arábia Saudita, é apresentada como responsável por inúmeros casos de perseguição a cristãos. O mais recente divulgado pela imprensa aconteceu no dia 9 de junho de 2006, quando a Muttawa prendeu quatro líderes cristãos, surpreendidos quando dirigiam um encontro de oração numa casa particular em Yedá, no distrito de Al-Rowaise.

Dois dos presos eram originários da Etiópia e outros dois da Eritréia. Os quatro lideravam um grupo de cerca de 100 pessoas que costumavam reunir-se em privado para rezar. Detidos na cadeia para imigrantes de Jeddah, foram posteriormente deportados para os respectivos países de origem.

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Mas, no território saudita, os casos de violência e de abusos sofridos pelos “infiéis” – como são tradicionalmente designados os não-muçulmanos – não ficam por aqui. Na noite de 21 de abril de 2005, foram detidos 40 homens e mulheres num bairro da capital, Riade. No dia seguinte, as manchetes dos jornais anunciavam que “a operação de segurança foi coroada de êxito”, como se se tratasse de criminosos.

Uma reportagem, que imputava os méritos da operação ao tenente-coronel Saad bin Rechoud e aos agentes da polícia religiosa, citava a “captura de quarenta pessoas, todas de nacionalidade paquistanesa, que celebravam ritos cristãos. Numa igreja dotada de cruzes, imagens, figuras esculpidas e ídolos, onde um homem recitava uma oração e os outros a repetiam depois dele”.

Os jornais especificavam que, entre os detidos, figurava “uma mulher, que registava as confissões dos presentes, concedendo-lhes bulas de indulgências”. Nas páginas de outro jornal lia-se que “no lugar foram encontrados livros de propaganda cristã, cruzes e uma mulher paralisada, cuja cura os outros imploravam invocando Deus”.

Uma fonte da polícia religiosa informou que “aquelas pessoas tentavam transmitir às outras os seus venenos e crenças, através da distribuição de opúsculos e boletins”. Entre os detidos estava um paquistanês muçulmano, que admitiu estar sendo influenciado pelo ensinamento cristão.

Prisões e torturas

Passadas algumas semanas, as autoridades sauditas ainda não tinham feito qualquer comentário sobre o caso. O mesmo silêncio foi adotado pelo Paquistão, que não censurou a perseguição dos seus cidadãos nem teve qualquer gesto de solidariedade para com as vítimas.

Pessoas presas e torturadas por orar ou chicoteadas por citar a Bíblia são outros dos casos apresentados.

Na Arábia Saudita, a própria monarquia está comprometida com a defesa, a manutenção e a expansão do Islamismo. O rei, que detém um poder absoluto, é reconhecido como o guardião dos locais mais sagrados do Islão, Meca e Medina, além de ser o líder espiritual de uma grande parte dos muçulmanos espalhados pelo mundo.

O fato de ser uma espécie de nação-santuário, onde os fiéis devem deslocar-se pelo menos uma vez na vida, reforça a discriminação religiosa que existe em muitos países muçulmanos.

Punições de acordo com a nacionalidade

No país, não há de fato liberdade de expressão religiosa. Algo tão natural como ter uma Bíblia, um crucifixo, ou orar em público é expressamente proibido. Então, construir igrejas ou templos é absolutamente impensável.

Quanto ao culto público, continua a ser considerado uma ofensa grave, e qualquer tentativa de evangelização é passível de condenação criminal. Cristãos que tentam evangelizar recebem punições diferentes de acordo com suas nacionalidades.

 
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Os que são provenientes de países ocidentais, por exemplo de uma grande potência como os Estados Unidos, são expulsos do país de uma forma discreta. Já cristãos provenientes de nações mais pobres, como a Etiópia ou Eritreia, são presos e torturados, podendo mesmo ser executados – geralmente, mediante falsas acusações. As pessoas detidas quase sempre são deportadas, por vezes após longos períodos de detenção. Em alguns casos, antes da expulsão do país são ainda por cima açoitadas.

Os cristãos que tenham o cuidado de ser particularmente discretos quase não são incomodados. Geralmente, os problemas só ocorrem quando os vizinhos se queixam às autoridades. Contudo, alguns cristãos alegam que informantes pagos pelas autoridades se infiltram nos grupos que assistem ao culto para depois os denunciarem.

Fonte: Portas Abertas

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