O Vaticano expressou neste domingo, por meio do porta-voz Federico Lombardi, o seu apoio ao arcebispo de Nápoles, cardeal Crescenzio Sepe, que é citado pela Justiça italiana em um caso de corrupção e deverá ser ouvido nos próximos dias.
Sepe é suspeito de ter administrado de forma irregular os bens da Igreja quando era prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, organismo do Vaticano que financia as missões católicas no mundo. Tal suspeita partiu de investigações relacionadas à Cúpula do G8, realizada na Itália no último ano, quando este país presidia o grupo formado pelas potências mundiais.
A Promotoria de Perugia reportou que está investigando se Sepe vendeu ou cedeu imóveis do Vaticano em 2005. O nome do cardeal foi citado pelo chefe da Defesa Civil italiana, Guido Bertolaso, que teria dito que o religioso intercedeu para que ele recebesse uma residência em um bairro elegante de Roma.
Em declarações à Rádio Vaticano, Lombardi afirmou ter “confiança” de que a situação do arcebispo seja solucionada “plena e rapidamente, para eliminar as dúvidas, seja sobre sua pessoa, seja sobre as instituições eclesiásticas”.
O porta-voz da Santa Sé apontou ainda que Sepe irá colaborar com a Justiça e que no processo “será necessário levar em consideração os aspectos de procedimentos e de perfis jurisdicionais implícitos nas corretas relações entre a Santa Sé e a Itália”.
Lombardi encerrou suas declarações destacando o “apreço” e a “solidariedade” do clero a Sepe neste “momento difícil” e o classificou como “uma pessoa que trabalhou e trabalha para a Igreja e para o povo que confiou nele de forma intensa e generosa, e tem direito a ser respeitado e estimado”.
Entre outros, pelas obras relacionadas à Cúpula do G8, também é investigado o italiano Angelo Balducci, ex-presidente do Conselho Superior italiano de Trabalho Público e que era “Cavaleiro de Sua Santidade”, cargo do Vaticano que deixou de exercer em decorrência da ação judicial.
Balducci foi um dos responsáveis por construções em La Maddalena, junto ao chefe da Defesa Civil. As denúncias partiram de supostas irregularidades nas licitações de milionárias obras na ilha da Sardenha. Em julho de 2009, a reunião do G8, no entanto, acabou sendo realizada em L’Aquila, localidade que foi destruída por um terremoto em abril do mesmo ano.
Fonte: Folha Online