O arcebispo de Canterbury e primaz da Igreja Anglicana, o britânico Rowan Williams, pedirá aos bispos episcopais dos Estados Unidos que não escolham mais bispos homossexuais assumidos e nem autorizem o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O jornal britânico The Guardian antecipa hoje que Williams fará o pedido amanhã em reunião de emergência com bispos norte-americanos em Nova Orleans (EUA) destinada a evitar um perigoso cisma na comunhão anglicana, à qual também pertence a Igreja Episcopal daquele país.
O arcebispo realizará seis horas de reuniões, na quinta e sexta-feira, com seus colegas norte-americanos em um hotel da cidade no estado da Louisiana, dez dias antes do prazo de um ultimato imposto pela comunidade anglicana para que os episcopais dos EUA renunciem à sua atitude tolerante em relação aos homossexuais.
“A situação é muito volátil. Chegou a hora de a Igreja Episcopal nos dizer qual é sua posição e se comprometer sem rodeios com o resto da comunhão”, disse ao jornal uma fonte da Igreja Anglicana que participa das negociações. “Os episcopais têm que responder positivamente e sem ambigüidades. Não admitimos mais hesitações. Trata-se de um momento decisivo para toda nossa comunidade”, disse a fonte.
A posição da bispa que preside os episcopais norte-americanos, Katharine Jefferts Schori, será decisiva na hora de manter a unidade dos bispos daquele país.
Segundo o The Guardian, um acordo entre os que defendem as diferentes posições poderia satisfazer alguns, mas talvez não fosse suficiente para os arcebispos africanos, contrários à ordenação de homossexuais, ou para seus aliados ingleses e norte-americanos mais conservadores, que não temem uma divisão dentro do anglicanismo.
Um eventual cisma teria conseqüências incalculáveis na comunhão anglicana já que algumas províncias, como o Canadá e talvez as igrejas escocesa e irlandesa, poderiam apoiar os liberais americanos enquanto em outras, como a própria Igreja da Inglaterra, se dividiriam.
Os bispos das 112 dioceses americanas sabem que se expõem a um ostracismo permanente por parte das províncias evangélicas mais conservadoras dos países em desenvolvimento, que são as que mais criticaram a nomeação, há quatro anos, do homossexual Gene Robinson como bispo de New Hampshire (EUA).
O primaz Williams, um teólogo que se pronunciou no passado a favor de uma atitude mais tolerante para com os homossexuais, tem uma posição difícil: os mais conservadores desconfiam dele e os liberais se sentem traídos por ele não apoiá-los abertamente.
Fonte: EFE