Seis cristãos convertidos do islamismo podem ser condenados a até dois anos de prisão e a pagar multas de cerca de US$ 8 mil na Argélia, depois de serem acusados de pregar uma religião não-islâmica sem a aprovação do governo.
Os homens, protestantes, são acusados de distribuir material religioso considerado ilegal. O veredicto deve ser anunciado na próxima terça-feira, dia 3 de junho.
Em um caso paralelo, uma mulher, Habiba Kouider, foi processada por ter sido pega portando exemplares da Bíblia, na cidade de Tiaret, a cerca de 400 km da capital Argel.
Ela é acusada de pregar uma religião sem autorização e pode ser condenada a até três anos de cadeia. Kouider nega a acusação.
Exemplo
Alguns jornais argelinos afirmam que o caso de Kouider seria um exemplo de desrespeito à liberdade de consciência, direito garantido pela Constituição do país, que permite, pelo menos no papel, a prática de outras religiões.
Desde 2006, entretanto, as leis argelinas determinam que congregações não-islâmicas e líderes de outras religiões precisam obter licença do governo para poder pregar suas crenças.
Os advogados das vítimas estão sendo pagos pela organização não-governamental American International Christian Concern.
A porta-voz para a África da organização, Darara Gubo, disse à BBC Brasil acreditar que atualmente existe um movimento crescente de repressão à conversão ao cristianismo em vários países muçulmanos.
“Em diversas nações islâmicas os cristãos estão sendo processados quando usam sua liberdade religiosa e evangelizam muçulmanos. Isso acontece na Argélia, Irã, Arábia Saudita, Jordânia e muitos outros países”, disse ela.
Gubo afirma que a repressão aumentou na Argélia após a exibição de um documentário que mostrava um aumento do número de cristãos no país.
“Isso (o documentário) gerou muita pressão de outros países do Oriente Médio e da África. Eles consideraram vergonhoso que os muçulmanos estivessem se convertendo.”
O governo da Argélia afirma que existem cerca de 11 mil cristãos no país, cuja população é de cerca de 33 milhões. Grupos religiosos cristãos afirmam que o número de fiéis é bem maior.
Fonte: BBC Brasil