Os arquivos secretos do Vaticano sobre o papa Pio 12 devem ser abertos dentro de cinco anos e vão livrá-lo das acusações de ter feito vista grossa ao Holocausto, disse o chefe dos arquivos nesta quinta-feira.
“Ele foi um grande papa e, como se sabe, é atacado por seu suposto silêncio sobre a Shoá”, disse o monsenhor Sergio Pagano, usando a palavra hebraica para o Holocausto. “Mas na verdade ele fez muitas coisas por judeus e por prisioneiros na 2a Guerra Mundial.”
Alguns judeus acusam Pio 12, que comandou a Igreja de 1939 a 1958, de não ter feito o bastante para ajudar os judeus, acusação que seus defensores e o Vaticano negam.
Há muitos anos judeus pedem ao Vaticano que abra os arquivos o mais cedo possível para que possam ser estudados por acadêmicos e também pediram ao papa Bento 16 que congele o processo que tornaria Pio 12 um santo enquanto todos os documentos não forem examinados.
Pagano disse que 20 arquivistas do Vaticano estão trabalhando em tempo integral em milhões de páginas de documentos em mais de 15.000 lotes apenas sobre o papado de Pio 12.
Ele declarou que ainda faltam mais cinco ou seis anos de trabalho para preparar e catalogar os arquivos. Pagano disse acreditar que eles deveriam ser abertos a qualquer pessoa.
“Haverá algumas surpresas agradáveis no que se refere aos judeus”, afirmou Pagano, acrescentando que o papa não permaneceu inativo quando os judeus eram presos para ser deportados em outubro de 1943.
“O papa Pio 12 assumiu grandes riscos, mesmo grandes riscos pessoais para salvar judeus. Não posso dizer mais agora, mas quem desejar abrir os olhos poderá fazê-lo dentro de cinco ou seis anos”, disse ele.
O Vaticano sustenta que Pio 12 trabalhou silenciosamente nos bastidores porque intervenções diretas poderiam ter piorado a situação dos judeus e católicos na Europa. Muitos judeus rejeitam essa posição.
O papa Bento 16 está sob grande pressão tanto de judeus como de católicos sobre a possível concessão de santidade a Pio 12. Os defensores de Pio 12 o pressionam para acelerar o processo,mas a maioria dos judeus acredita que tornar o papa santo vai prejudicar irremediavelmente as relações católico-judaicas.
Fonte: Reuters