O papa Bento XVI considerou em seu decreto, que autorizou novamente a celebração de missas em latim, que existe apenas um “rito” da Igreja Católica, com uma forma “ordinária”, a liturgia atual, e uma forma “extraordinária”, a antiga, embora uma se difira da outra sensivelmente.
A diferença mais conhecida se refere ao uso do latim na missa antiga, denominada “tridentina” ou de “São Pio V”, e das línguas vernáculas da missa atual, conhecida como “de Paulo VI”.
No entanto, esta última também pode ser celebrada em latim, como ocorre no Vaticano.
O missal (livro litúrgico) de São Pio V foi promulgado em 1570, após o Concílio de Trento, que marcou o início da Contra-Reforma após a crise desencadeada pelo cisma protestante.
O missal sofreu durante séculos diversas modificações, até a última versão de 1962, sob o papado de João XXIII. É por isso que Bento XVI prefere se referir a ele como o missal “de João XXIII”.
Esse missal inclui uma oração para a conversão dos judeus rezada na Sexta-feira Santa.
O missal de Paulo VI substituiu esta prática por outra que menciona os judeus como o primeiro povo que “recebeu a palavra de Deus”, sem pedir sua conversão.
Este missal foi adotado em 1970 após o Concílio Vaticano II, que concedeu maior participação aos fiéis. Nos meios eclesiásticos se considera agora que os fiéis “participam” da missa, enquanto que no passado se limitavam a assistir.
Com o antigo missal a padre celebrava o ato religioso de costas para seus fiéis, e de frente para o altar. Com o novo, a missa é rezada de frente para as pessoas.
Na missa antiga os fiéis não tocavam a hóstia com as mãos, como ocorre na moderna.
Ao insistir nessa “dimensão comunitária” da assembléia, perde-se o sentido místico do ato, a celebração do sacrifício de Cristo na cruz e sua “presença real” na eucaristia, criticam os tradicionalistas.
Ao término da missa moderna, os fiéis trocavam uma saudação em sinal de paz, outra inovação que os conservadores rejeitavam pela mesma razão.
Fonte: AFP