Segundo o delegado, o pastor Marcos Pereira (foto), preso nesta terça-feira (7), fazia orgias com homens, mulheres e menores dentro de uma igreja. Pastor chamava garotos de programa para participar das orgias.

Uma das mulheres que acusa Marcos Pereira de estupro disse em depoimento à polícia que o pastor chamava garotos de programa para participar de orgias e que mandava que as pessoas pedissem perdão depois das relações sexuais. O pastor foi preso na noite de terça-feira (7), quando saía da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, na rodovia Presidente Dutra.

Em um dos depoimentos, ao qual o UOL teve acesso, a mulher contou a dinâmica dos abusos. Ela disse que o pastor via nela um “espírito de lésbica”, e que então passou a ser chamada por ele em seu gabinete. Tempos depois, ele começou a assediá-la.

“A declarante se recorda que participou um garoto de programa [da orgia]. […] Marcos passou a querer que a declarante aliciasse outros membros da Adud para participarem daquelas orgias, porém a declaraste disse que não faria aquilo. […] Após o ato sexual, o Pastor Marcos ordenava que os participantes do ato pedissem perdão uns aos outros sobre o que havia ocorrido e que após procurassem o Ministério da Adud, na figura de um diácono, evangelista ou presbítero, que pedisse a ele também perdão, informando que foi enviado pelo pastor, porém mantivesse em segredo o que havia ocorrido”, diz a mulher em depoimento prestado em abril deste ano.

Outra mulher contou também que o pastor mandou que ela não contasse nada a ninguém e a ameaçou dizendo que iria “acabar com a sua vida”.

Em depoimento dado em março de 2012, outra testemunha afirmou que o pastor fez um “Conserto Espiritual” com ela, e isso consistia em perguntar se a mulher era virgem e se já havia namorado alguém.

[b]Orgias[/b]

O delegado Márcio Mendonça, titular da DCOD (Delegacia de Combate às Drogas), afirmou nesta quarta-feira (8), que o pastor Marcos Pereira, da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, preso na noite de terça-feira (7) acusado de estupro, fazia orgias com homens, mulheres e menores dentro de uma igreja em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O pastor alegaria que as pessoas estavam possuídas por demônios e precisavam ter relações sexuais com ele, que era uma pessoa santa.

Pereira teve a prisão preventiva decretada em dois processos e responde a mais três inquéritos na Justiça, também por estupro. A polícia ainda investiga a ligação do pastor com crimes de homicídio, associação ao tráfico e lavagem de dinheiro. Em nome da igreja, há um apartamento de luxo em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, a avaliado em R$ 8 milhões.

“Ele tem uma oratória fantástica e abusava de fiéis que trabalhavam como voluntários da igreja. Usava o poder do convencimento. Quando não dava certo, ele usava a força bruta. Jogava a mulher na cama e atacava”, explicou o delegado.

Pereira foi preso na rodovia Presidente Dutra, quando ia para o apartamento de Copacabana, saindo da igreja em São João de Meriti. Segundo o delegado, as investigações começaram há pouco mais de um ano, a partir de acusações que o coordenador da ONG AfroReggae, José Júnior, fez sobre o suposto envolvimento de Pereira com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ao longo das investigações, a polícia descobriu que o pastor teria estuprado seis fiéis, entre elas três menores de idade.

“”As pessoas [abusadas] não falavam nada, porque têm medo dele. Há depoimentos que dizem que havia armas na igreja. [Nós soubemos que] depois que essas vítimas depuseram, elas foram ameaçadas”, relatou o delegado.

Os inquéritos que investigam os outros crimes estão baseados em 30 depoimentos e citam os estupros das meninas. Ouvido informalmente, Pereira disse que é inocente. Segundo o delegado, ele será ouvido apenas em juízo. De acordo com a polícia, pode haver mais 20 estupros de mulheres, que foram citadas em depoimentos.

Uma delas chegou à igreja aos 12 anos e teria começado a ser estuprada aos 14, em 1998 — relações só teriam terminado oito anos depois. Outra denunciante é a ex-mulher do pastor, que tem dois filhos com ele e disse, em depoimento, também ter sido forçada a ter relações sexuais.

[b]Comando Vermelho[/b]

O delegado afirmou também que Pereira visitou o traficante Marcinho VP, apontado pela polícia como um dos principais líderes da facção criminosa Comando Vermelho, por duas vezes, nos presídios federais de Catanduvas (PR) e Mossoró (RN).

O pastor está sendo investigado também por ter participado do homicídio de Adelaide Nogueira dos Santos, em São João de Meriti, em dezembro de 2006. Segundo o depoimento da mãe da mulher, o pastor tentou abusar da filha, que antes de morrer, começou a investigar os supostos estupros. Três pessoas foram condenadas pela morte da mulher, entre elas, Geferson Rodrigues dos Santos, sobrinho do pastor.

[b]”Perseguição”[/b]

No site da igreja, a prisão do pastor é comparada à perseguição sofrida por personagens bíblicos, incluindo Jesus Cristo. “Daniel, Paulo, Pedro, Thiago, João Batista, o próprio Jesus e outros profetas foram presos, caluniados, não tiveram chance de uma ampla defesa sendo condenados por poderosos perseguidores políticos. A igreja Assembléia de Deus dos Últimos Dias declara estar confiante no agir de Deus na vida do pastor Marcos Pereira”, afirma a nota da assembleia. Foi através de uma prisão injusta que Deus colocou o plano de salvação, pelo Amor e pelo Perdão, em prática.”

O texto ainda agradece o “apoio que chega de todas as partes do Brasil e do mundo” e ressalta que a prisão foi “injusta”. “A despeito de todos os sinais de cura e libertação, foi exatamente assim, através de uma prisão injusta, perseguições e calunias que Jesus alcançou o mais necessitados.”

[b]Apoio de fiéis[/b]

Após a prisão do pastor, cerca de 30 fiéis da igreja de Marcos Pereira fizeram plantão em frente à sede da DCOD, no Andaraí, na zona norte. Mulheres e crianças trajavam vestidos longos, que cobrem o corpo do pescoço aos pés. O traje é comum entre fiéis da Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Entre os fiéis, estava o ex- pagodeiro Waguinho, que é missionário da Assembleia de Deus dos Últimos Dias há nove anos. Ao sair da delegacia, Waguinho criticou a ação da polícia e as denúncias de José Júnior. O ex-pagodeiro concorreu à Prefeitura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, nas eleições do ano passado, mas não passou para o segundo turno.

Pelo twitter, o coordenador do AfroReggae comemorou a prisão do pastor: “Quero agradecer a nova gestão da DCOD pelo excepcional trabalho nessa prisão. Dr. Marcio Mendonça num curto espaço de tempo arrebentou!”.

[b]Advogado de pastor preso por estupros no Rio diz que pedirá habeas corpus[/b]

O advogado do pastor Marcos Pereira, preso na note de terça-feira (7) acusado de estuprar seis fiéis, afirmou que deve pedir ainda nesta quarta-feira (8) um habeas-corpus pela soltura de seu cliente. Segundo Marcelo Patrício, o pastor está “tranquilo” e “sereno” na prisão, porque se considera inocente.

“É uma covardia o que está sendo feito com o pastor. É tudo mentira. Isso é invenção de pessoas que não gostam dele”, disse Patrício. “Duas pessoas foram forçadas a fazerem isso [acusá-lo]. Uma menor fez um exame no IML [Instituto Médico Legal], que comprovou que ela é virgem. Ele é uma pessoa muito boa, nunca ameaçou ninguém.”

Ele é suspeito de abusar sexualmente de seis fiéis da igreja que comanda, a Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Uma das vítimas já foi casada com o pastor e teria sido abusada enquanto ainda era mulher do suspeito.

Pereira ficará detido na penitenciária de Bangu 2, no Complexo de Gericinó. Ao sair da delegacia ele ouviu dos fiéis dizerem: “Pastor, estamos do seu lado”. Ele não conversou com a imprensa.

[b]Igreja do pastor Marcos Pereira proíbe televisão e Coca-Cola[/b]

“Minha missão é libertar os oprimidos das mãos de Satanás”. É assim que se descreve o pastor Marcos Pereira, 56, presidente da igreja Adud (Assembleia de Deus dos Últimos Dias), preso na última terça-feira (7) sob a suspeita de estupros, homicídio, associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

O líder da igreja petencostal que impõe rígidas posturas aos seus fiéis –as mulheres têm que se vestir com uma túnica, ninguém pode assistir televisão e nem tomar Coca-Cola, entre outros preceitos– ficou famoso como mediador de rebeliões de presos e de livrar condenados do tráfico e das drogas.

[img align=left width=300]http://imguol.com/2013/05/08/8mai2013—o-pastor-marcos-pereira-da-silva-participa-de-culto-da-igreja-assembleia-de-deus-dos-ultimos-dias-no-bairro-de-edem-em-sao-joao-de-meriti-na-baixada-fluminense-rio-de-janeiro-o-religioso-1368026140097_615x300.jpg[/img]Pastor Marcos começou sua atividade na Assembleia de Deus em 1989 e em 1990 fundou a Adud. No mesmo ano da fundação da igreja, ganhou destaque quando começou a trabalhar no Presídio de Segurança Máxima, na Ilha Grande, em Angra dos Reis, na região dos Lagos. Atualmente, outros três Estados – Paraná, Maranhão e Minas Gerais – têm igrejas da Adud.

Em seu perfil na página da igreja, o texto diz que o pastor atua em todas as penitenciárias do Rio de Janeiro e em outros Estados do Brasil, sendo responsável por “milhares de ex-detentos totalmente recuperados”.

Em 2004, o então governador e hoje deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) chamou Pereira para negociar o fim de uma rebelião de presos que já durava dois dias na Casa de Custódia de Benfica, na zona norte do Rio. Centenas de reféns foram salvos, afirmou o pastor à época.

A “caminhada” do pastor até chegar à Adud foi longo. Antes de ser convertido em uma pregação do pastor Silas Malafaia, que à época pertencia à igreja Assembleia de Deus, em 1989, ele vivia totalmente nas “noitadas, bebedeiras e prostituição”, como conta em seu perfil no site da igreja. Em 2010, Malafaia fundou outra dissidência da Assembleia de Deus, com a denominação Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que nasceu no bairro da Penha, zona norte do Rio.

Hoje, a doutrina da Adud diz que os fiéis não podem usar preto e vermelho, apontadas como cores para “identificação satânica”, mas o pastor vestiu rubro-negro por muito tempo. Torcedor fanático do Flamengo antes da conversão, Marcos participava da organizada do time e dizia que “em seu vocabulário, de dez palavras, nove eram palavrões”.

Marcos é o terceiro filho de uma família de oito irmãos. Ele diz em seu perfil que sua família era espírita e de classe média. Em seu perfil, ele diz que em 1982 teve a primeira filha, Nívea, que atualmente também é pastora. Ele também tem outro filho, Filipe.

Em sua página do Twitter, seguidores defendem Marcos. Com citações bíblicas, os fiéis dizem acreditar que o presidente da Adud foi preso injustamente e pedem orações pela sua libertação. Pastores da Adud também usaram a rede para manifestar apoio.

“Que caia por terra toda essa perseguição”, diz o bispo Laerte Lafayett, também da Adud. Outro a defender é o atual pastor e ex-cantor de pagode Waguinho. Ele cita a Bíblia para defender o líder de sua igreja. “Não prosperará nenhuma arma forjada contra ti”, postou o ex-pagodeiro.

Já no Facebook, boa parte dos usuários que postaram na página de Marcos pedem justiça para os crimes de que ele é acusado.

[b]Fonte: UOL[/b]

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