O jornalista italiano Gianluigi Nuzzi, que escreveu um livro sobre casos de corrupção e conspiração entre cardeais no Vaticano, refuta acusações da Igreja Católica de que seria um “criminoso” e diz que apenas cumpriu seu papel de “revelar a verdade”.

O livro de Nuzzi, Sua Santidade: as cartas secretas de Bento16, levou a uma verdadeira caça a informantes dentro do Vaticano e à prisão do mordomo de Bento 16 – um dos funcionários mais próximos ao papa.

O livro contém trechos de correspondências privadas do Vaticano, incluindo documentos que sugerem corrupção em contratos de infraestrutura com empresas italianas, conspiração entre cardeais em disputas por poder e conflitos sobre a administração do banco do Vaticano. Nuzzi diz que a obra é baseada em conversas com mais de 10 fontes do Vaticano, que têm sido chamadas pela imprensa italiana de “corvos”, termo pejorativo para informantes.

Para assessores de Bento 16, o vazamento foi um ataque pessoal brutal ao papa. O Vaticano, no entanto, não negou a autenticidade dos documentos reproduzidos no livro. Nuzzi concorda que o livro expôs “vulnerabilidades e conflitos” no Vaticano, mas alega que não se trata de um ataque ao papa ou à Igreja. “Não há uma única palavra contra o sumo pontífice”, afirmou.

[b]Imagem negativa
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No livro, são descritos encontros secretos que Nuzzi teve com sua fonte principal, identificada apenas como “Maria”, que seria um católico altamente devoto que trabalhou no Vaticano por quase 20 anos e teria começado a reunir documentos após a morte do papa João Paulo 2º, em 2005.

O jornalista de 42 anos, que em 2009 já havia denunciado, em outro livro, suposta corrupção no Vaticano, disse que não pagou pelos documentos. Suas fontes, segundo ele, também não receberam nada para vazá-los. As fontes, Segundo Nuzzi, “não são corvos, e sim pombas que queriam esclarecer coisas”. “Estas não são pessoas que normalmente dão informação para jornais. Claramente havia um acúmulo de coisas que elas não entendiam ou não podiam suportar. Se a imagem que emerge do Vaticano é negativa, não é minha culpa, é por causa do que está escrito nos documentos”.

Nuzzi não confirma, no entanto, se Paolo Gabriele, o mordomo do papa suspeito do vazamento, estava entre suas fontes – ou se elas incluiam cardeais. “Eu recebi muitos documentos de muitas pessoas, às vezes das mesmas pessoas que os haviam escrito. Todas as minhas fontes tinham perfeita consciência do que aconteceria”, afirmou.

[b]Fonte: Observatório da Imprensa[/b]

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