Um dos principais patrocínios culturais do Banco do Brasil em 2010 será numa exposição inédita no Brasil: “Arte do Islã”. Essa mostra trará parte do acervo do Museu do Mundo Árabe, de Paris, para as unidades do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
Contabilizando 500 peças, será a maior exposição de arte sobre o Islã já realizada no país. A abertura será no segundo semestre deste ano.
Um grande sistema está sendo montado para o transporte, segurança e instalação da exposição. O valor do investimento não é revelado pelo BB, mas o banco estatal prevê gastos totais de R$ 83 milhões neste ano com atividades culturais em seus 3 centros de cultura –Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
O gasto com patrocínios estatais (culturais, esportivos etc.) federais é da ordem de R$ 1 bilhão por ano.
A mostra “Arte do Islã”, uma das mais caras neste ano patrocinadas pelo Banco do Brasil, ocorrerá num momento de aproximação entre o Brasil e o mundo islâmico. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez várias visitas a países islâmicos durante seus dois mandatos.
Além de estreitar laços comerciais e políticos com esses países, em dezembro passado, Lula recebeu o polêmico presidente Mahmoud Ahmadinejad, do Irã –que rejeita a existência do holocausto contra os judeus na Segunda Guerra Mundial. A recepção do iraniano em Brasília causou um pouco de mal estar entre as diplomacias brasileira e dos Estados Unidos, pois Lula chegou a defender o direito de o Irã manter seu programa nuclear.
A estratégia de aproximação do Brasil com o mundo islâmico é tentar qualificar a diplomacia brasileira como interlocutora relevante com países dessa área que é uma das mais conflagradas do planeta. Lula sonha com algum papel de proeminência na cena política internacional depois de deixar o governo, em 2011. Por essa razão, manter um bom relacionamento com os países islâmicos é vital na condução desse plano.
A bela mostra “Arte no Islã”, patrocinada pelo Banco do Brasil, é mais uma peça desse xadrez diplomático conduzido pelo governo Lula. Será uma forma de os brasileiros terem contato com a história do islamismo, mas também uma demonstração de que o governo lulista se interessa em mostrar uma face menos conhecida dessa rica cultura.
O acervo que virá para o Brasil contém peças referentes a 1.400 anos de história e arte islâmicas obtidas em países como Espanha, Indonésia, África do Norte, China e mais de 50 nações do mundo muçulmano.
A exposição será inaugurada em outubro, no Rio. Depois seguirá para São Paulo e Brasília. Ao todo, o acervo ficará 8 meses no Brasil.
Fonte: Blog do Fernando Rodrigues – UOL