O papa Bento 16 disse nesta segunda-feira que os representantes diplomáticos da Santa Sé devem “cultivar uma plena adesão interior” ao pontífice e à Igreja, ao invés de cumprir seu papel “de maneira burocrática”.
O líder máximo da instituição católica afirmou que os diplomatas que trabalham para o Vaticano são chamados a um serviço “muito mais profundo” que um simples papel “exterior, formal, pouco pessoal” de transmitir “normas, indicações e orientações”.
Bento 16 falou durante uma audiência com os membros da comunidade da Academia Pontifícia Eclesiástica, responsável por preparar a futura diplomacia vaticana — composta por núncios e delegados apostólicos, além de observadores junto às principais organizações internacionais.
Um serviço que, segundo o pontífice, exige uma “dedicação plena e uma disponibilidade generosa para sacrificar, se necessário, intuições pessoais, projetos próprios e outras possibilidades de exercício do ministério sacerdotal”.
Segundo ele, a representação diplomática é uma ocupação que, “em uma ótica de fé”, que resulta extremamente enriquecedora”. Por isso, segundo o papa, seus realizadores devem ser “verdadeiramente sinais da presença da caridade do papa”.
“E se isto é um benefício para a vida de todas as igrejas particulares, o é especialmente naquelas situações particularmente delicadas ou difíceis nas quais, por variadas razões, a comunidade cristã se encontra”, completou Bento 16.
Perdão
As declarações chegam em meio a uma das piores crises já enfrentadas pela Igreja Católica, que nos últimos meses lidou com escândalos de pedofilia e abusos em diversos países do mundo, renúncias de bispos e acusações de acobertamento de denúncias pelo próprio papa quando ainda era o cardeal Joseph Ratzinger.
Na sexta-feira, (11), o pontífice pediu perdão durante o sermão que realiza na praça de São Pedro, no Vaticano, perante 15 mil sacerdotes de todo o mundo, com os quais encerra as celebrações do Ano Sacerdotal.
O bispo de Roma disse que, a partir de agora, na admissão ao ministério sacerdotal e na formação dos futuros sacerdotes, será examinada exaustivamente “a autenticidade da vocação”.
Ainda na semana passada, durante visita ao Chipre, o papa fez um chamado ao diálogo entre as religiões cristã e muçulmana.
Fonte: Folha Online