Em carta divulgada nesta terça-feira (8), o papa emérito Bento XVI pede perdão por “abusos” e “erros” do clero e disse estar pronto para enfrentar “o juízo final da vida”.
Recentemente, Bento XVI foi acusado de encobrir e não agir perante aos casos de abusos sexuais contra crianças ocorridos na Igreja Católica da Alemanha. Segundo relatório independente , ele não teria impedido que um padre abusasse de quatro meninos na época em que era arcebispo.
Bento XVI, que renunciou em 2013, está com 94 anos e afirmou na carta que foi “profundamente prejudicial” ter sido rotulado de mentiroso perante à inação em relação aos abusos, mas que reconhece os erros ocorridos.
“Tive grandes responsabilidades na Igreja Católica”, escreveu o papa emérito. “Maior é a minha dor pelos abusos e erros que ocorreram nesses diferentes lugares durante o tempo do meu mandato. Cada caso individual de abuso sexual é terrível e irreparável. As vítimas de abuso sexual têm minha mais profunda simpatia e sinto grande tristeza por cada caso individual”.
“Em breve, estarei diante do juiz final da minha vida. Ainda que, olhando para trás, para minha longa vida, possa ter grandes motivos para temor e tremor, não obstante, tenho bom ânimo, pois confio firmemente que o Senhor não é apenas o justo juiz, mas também o amigo e irmão que já sofreu Ele mesmo por minhas deficiências e, portanto, também é meu advogado, meu ‘Paráclito’. À luz da hora do julgamento, a graça de ser cristão se torna ainda mais clara para mim. Dá-me conhecimento e, na verdade, amizade com o juiz da minha vida, e assim me permite passar com confiança pela porta escura da morte,” escreveu Bento XVI.
No início de janeiro, um documento interno da Igreja Católica obtido pelo jornal alemão Die Ziet também havia apontado que o arcebispo de Munique e Freising de 1977 e 1982, Joseph Ratzinger — nome de Bento XVI — acobertou casos de abusos contra menores dentro da instituição na década de 1980. Ele, no entanto, nega que soubesse dos casos à época.
Fonte: Último Segundo