O biólogo britânico Richard Dawkins, 71, disse que a expectativa dele é de que ocorra logo “a morte completa da religião organizada”, ainda durante a sua vida.

A declaração do autor do best-seller “Deus, um delírio” foi feita feita ontem (23) em entrevista durante o Festival de Literatura em Jaipur (Índia), que é o evento no gênero de mais prestígio na Ásia.

Dawkins classificou como “desgraça lamentável” a ausência no festival do escritor Salman Rushdie, que não viajou a Índia porque voltou a ser ameaçado de morte por fanáticos religiosos.

Rushdie é autor, entre outros, do Versos Satânicos, livro que critica os seguidores do Islã pela perseguição dos fiéis de outras religiões. Por causa desse livro, em 1989 o aiatolá Khomeini, do Irã, ofereceu dinheiro ao muçulmano que matasse Rushdie. O escritor mora na Grã-Bretanha, onde por alguns anos contou com a proteção da polícia.

A fatwa (manifestação de uma autoridade religiosa com base Islã) de Khomeini acabou sendo suspensa, mas nas vésperas do festival de Jaipur alguns líderes muçulmanos voltaram a defender a morte do escritor.

No festival, Dawkins disse que a perseguição a Rushdie lembra os católicos que, no século 16, escreveram a uma autoridade do Vaticano para saber se poderiam matar a rainha Elizabeth I por ter levado milhões de fiéis para a Igreja Anglicana. A resposta, lembrou o cientista, foi de que o ato seria “louvável”.

Dawkins se mostrou inconformado com o salvo-conduto que os líderes religiosos têm para pregar o ódio, como agora no caso de Rushdie, sem que sejam punidos. Essa condescendência foi longe demais, disse.

De acordo com ele, isso mostra que, quanto aos líderes religioso, nada mudou em quase 500 anos. “A religião é mortal porque, por ela, há pessoas dispostas a morrer a matar.” Por isso é preciso combater “o vírus da fé”.

Um jornalista perguntou a Dawkins se ele não estaria sendo presunçoso ao querer descartar as religiões sendo que a ciência não tem explicação para tudo.

O biólogo respondeu que, “se não entendemos alguma coisa, precisamos arregaçar as mangas e começar a trabalhar para obter a explicação”. “Não devemos ser preguiçosos e chamar essa coisa de sobrenatural.”

Dawkins também foi questionado sobre a suposta eficácia da yoga. Para ele, a yoga não tem nenhuma fundamentação científica.

Afirmou que considera como pensamento científico qualquer formulação de ideias que estiver aberta à investigação e passível de modificação diante de novas evidências. O que – disse – não ocorre com a yoga.

[b]Fonte: Paulopes[/b]

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