Liderada por Edir Macedo, a Igreja Universal do Reino de Deus está em avançadas negociações para comprar a rede CNT, sediada em Curitiba.

Segundo uma fonte na igreja neopentecostal, as quatro geradoras e 50 retransmissoras da CNT, espalhadas por 16 Estados e Distrito Federal, estão sendo avaliadas em pouco mais de R$ 300 milhões.

A Igreja Universal já ocupa 22 horas da programação da emissora. Com a aquisição, a igreja de Edir Macedo ampliaria seu domínio televisivo sobre as congregações concorrentes. Macedo já controla a Record, a Record News e a Rede Família.

Procuradas para falar sobre as negociações em andamento, a Igreja Universal afirmou que a compra “não procede”. A CNT, por sua vez, negou que tenha sido “vendida”.

As negociações entre CNT e Universal vêm desde 2013. Há pouco mais de dois anos, Valdemiro Santiago, rival de Macedo e concorrente da Universal com sua Igreja Mundial do Poder de Deus, quase comprou a CNT. A negociação só não foi fechada porque os bispos da Universal entraram em campo.

A Universal, já na época, queria comprar a CNT, mas, depois de muitas conversas, conseguiu apenas fechar, em maio do ano passado, um contrato de “locação” de 22 horas, que resultou na demissão de mais de cem profissionais.

[b]Concessões ameaçadas[/b]

Controladora da CNT, a família Martinez resiste à ideia de vender as quatro emissoras, localizadas em Curitiba, Rio de Janeiro, Londrina e Americana. Tanto que pedia inicialmente R$ 600 milhões.

Mas o aluguel de horário não é um negócio interessante para a Universal a longo prazo, e o Ministério Público Federal a Justiça Federal vêm trabalhando para melar o acordo entre a emissora e a igreja, o que pode inviabilizar o futuro da CNT.

Na Justiça Federal em São Paulo, tramita desde o ano passado uma ação civil pública, movida pelo Ministério Público Federal, contestando a legalidade do contrato entre a CNT e a Universal. Para o Ministério Público, o acordo configura “alienação de concessão pública”.

Na ação, a Procuradoria pede a suspensão das concessões da CNT e o bloqueio dos bens dos envolvidos. Por determinação da Justiça Federal, o Ministério das Comunicações teve de abrir procedimentos administrativos para fiscalizar a relação CNT/Universal.

No entendimento de profissionais de TV, é difícil enquadrar o caso como ilegal. A legislação que regulamenta a televisão aberta limita a 25% o espaço de publicidade na programação, logo as 22 horas de cultos da Universal seriam ilegais. Mas o material da igreja pode ser interpretado como conteúdo de programação, não como publicidade.

A Igreja Universal, no entanto, tem usado a pressão do Ministério Público e da Justiça Federal como argumento a favor da compra das concessões da CNT. Para a igreja, não é interessante alugar horário na CNT se ela pode comprá-la. A denominação gasta R$ 8 milhões por mês com as 22 horas diárias que ocupa na CNT. Ou seja, em pouco mais de três anos, gasta com aluguel o que poderia pagar pela rede.

[b]Outro lado[/b]

Em nota ao Notícias da TV, a CNT disse que “são falsas as notícias dando conta” de que “foi vendida” e que “seguirá nos seus esforços para agregar cada vez mais excelência à radiodifusão brasileira”. A Igreja Universal afirmou apenas, via assessoria de imprensa, que compra da CNT “não procede”.

Sobre a acusação de alienação de outorgas ao locar horários para a Universal, a CNT se defendeu na Justiça argumentando que exerce o controle e que é responsável pela programação da rede. Já a Universal afirmou que a locação de espaço para igrejas é uma prática comum e legal.

[b]Fonte: UOL[/b]

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