Grupo pioneiro, criado em 1988, carrega 2.500 pessoas no Rio; católicos formaram o bloco Folia com Cristo. ‘O intuito é tirar almas do reino das trevas. Representamos a igreja fora do templo’, conta o pastor Sergio Oliveira
Segundo os princípios cristãos, o Carnaval é uma festa profana, que não respeita as coisas sagradas. Mas a cada ano surgem blocos evangélicos que se misturam à folia com o objetivo de levar o evangelho às pessoas.
É o caso da Mocidade Dependente de Deus, pioneira do gênero no país. Criado em 1988 pelo pastor Marco Antônio Teixeira, fundador da Comunidade Internacional da Zona Sul, o bloco desfila duas vezes por ano, no Rio.
“O intuito é tirar almas do reino das trevas. Representamos a igreja fora do templo”, afirmou à Folha o pastor Sergio Oliveira, 54.
O bloco, com cerca de 2.500 membros, desfila na segunda-feira de Carnaval, no centro, e no dia seguinte, no Flamengo (zona sul).
Criado há 19 anos pelo apóstolo Ezequiel Teixeira, do Projeto Vida Nova de Irajá, o bloco Cara de Leão também resolveu sair às ruas para “salvar vidas”.
“Estamos nos fazendo de carnavalescos para ganhar vidas”, afirmou o pastor Isael Teixeira, 61, do Projeto Vida Nova de Irajá.
Com cinco alas e uma bateria, que alterna o som do samba com funk, os cerca de 5.000 fiéis desfilam na avenida Rio Branco, no centro do Rio, às terças de Carnaval.
Ao som de letras como “nesses quatro dias/você veste a fantasia, fingindo que é alegria/mas não é realidade”, pastores e fiéis abordarão pessoas ao seu redor com mensagens bíblicas. “Muitos são curados na hora”, diz o pastor Walace Paulo, 42.
Paulo afirmou que nenhum dos membros samba. Tudo é coreografado. “Ainda temos um ‘porta-louvor’ e o ‘mestre-salvo'”, acrescentou.
[b]CATÓLICOS[/b]
Criador do bloco Folia com Cristo há cinco anos, padre Renato Martins afirma que participar do Carnaval não é pecado. O problema é cometer excessos.
“Nossa mobilização é para mostrar que os fieis podem se divertir sem beber, sem usar drogas ou cometer promiscuidade”, disse Martins.
O bloco foi fundado na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima e Santo Antônio de Lisboa, na Taquara (zona oeste).
Os fiéis saíam pelas ruas da região, duas semanas antes do carnaval, cantando hinos em ritmo de axé. “É do que os jovens gostam”, diz o padre.
Este ano passou a ser um evento da Arquidiocese e o bloco saiu na região da Cinelândia (centro) no dia 5.
“Recebemos críticas dos mais conservadores, que acham que a gente não deve se misturar ao Carnaval, mas essa é uma das formas de evangelizar”, diz o padre.
[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]