O governo de Evo Morales aceitou manter a disciplina referente à educação religiosa nos programas escolares e reiterou seu respeito à liberdade de culto na Bolívia, depois de reunir-se domingo com a hierarquia católica.

O acordo coloca fim à polêmica que havia atingido o próprio presidente, que acusou alguns membros da Igreja de “agirem como nos tempos da inquisição”.

Depois o presidente pediu aos bispos a abertura de um diálogo para superar as diferencias, que começaram quando o ministro da Educação, Félix Patzi, anunciou que eliminaria a religião do currículo escolar.

Depois da reunião entre o presidente Evo Morales e o cardeal Julio Terrazas, governo e Igreja divulgaram domingo à noite um comunicado segundo o qual “coincidiram no respeito à liberdade religiosa, crenças e espiritualidades”.

“O Governo Nacional e a Igreja Católica concordaram também em preservar a disciplina de religião [nos programas escolares, ndr], respeitando a liberdade religiosa existente no país”, diz o documento conjunto.

O sucinto comunicado convoca “os diferentes setores, organizações e instituições a enriquecer o documento de conclusões do Segundo Congresso Nacional Educativo, para garantir uma educação libertadora”.

Este Congresso, reunido em Sucre há 15 dias, aprovou um projeto de lei de reforma educativa, mas na ausência de representantes da Igreja, dos docentes do sistema urbano, do sistema universitário e das associações de pais de família.

Os professores urbanos, que apoiavam a educação laica, protestam porque o projeto do governo tenta eliminar o escalão do magistério e implantar um sistema de controle social.

O sistema universitário impugna o projeto oficial, porque o governo diminuiria sua autonomia ao impor-lhes também o controle social da administração de seus recursos econômicos.

Enquanto a Igreja iniciou, ainda antes do encerramento do Congresso de Sucre, mobilizações exigindo a manutenção do ensino religioso nos programas escolares, os professores e universitários preparam agora ações de protesto e já anunciaram que não acatarão as conclusões aprovadas majoritariamente por organizações indigenistas.

Domingo, em todas as igrejas de La Paz, milhares de fiéis aderiram ao abaixo-assinado que pedem o “respeito à religião e ao direito dos pais de escolher a educação que querem para seus filhos”.

Segundo o porta-voz presidencial, Alex Contreras, a reunião de ontem à noite em Cochabamba (500 quilômetros ao sudeste de La Paz), da qual participaram também o vice-presidente da República e as autoridades da Conferência Episcopal, “colocou fim a uma polêmica artificial”.

O porta-voz disse que essa polêmica teve origem “em opiniões interessadas, que colocaram em dúvida as relações de mútuo respeito entre a hierarquia eclesiástica e as autoridades do Poder Executivo”.

Fonte: ANSA

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