Os ministros do governo trabalhista de Tony Blair (foto) rejeitaram por maioria a isenção reivindicada pela Igreja Católica de uma lei que proíbe as agências de adoção de discriminar os casais homossexuais.

Segundo a imprensa britânica, o primeiro-ministro, que supostamente simpatizava com a postura da hierarquia católica e estava a favor de um acordo, acabou cedendo à pressão da maioria de seus ministros, que rejeitam tal isenção.

Blair enfureceu seu próprio gabinete ao se declarar disposto a um acordo, depois que a Igreja Católica ameaçou fechar suas agências de adoção se não ficassem isentas de cumprir este ponto da Lei de Igualdade Sexual, que entrará em vigor em abril.

Um grupo de importantes membros do Governo, liderado pelo ministro da Educação, Alan Johnson, e o da Irlanda do Norte, Peter Hain, expressou sua oposição a que as regulamentações sobre orientação sexual previstas na Lei de Igualdade sejam Flexibilizadas.

Blair se viu isolado nessa questão, junto a um reduzido grupo de defensores da isenção, como a ministra da Igualdade, Ruth Kelly, católica e membro do Opus Dei.

Vários representantes da Igreja Católica admitiram em público que não se opõem, a princípio, que uma pessoa com inclinações homossexuais adote uma criança, mas quando se trata de um casal que exerce ativamente o homossexualismo a opinião muda.

Para pressionar o governo, o cardeal Murphy O´ Connor, primaz dos católicos ingleses, tomou a incomum iniciativa de escrever a todos os membros do gabinete para comunicar a eles que a Igreja não podia aceitar que suas agências de adoção fossem obrigadas a admitir as solicitações dos casais homossexuais.

Em sua queda-de-braço com o Executivo, a hierarquia católica recebeu a solidariedade dos anglicanos: o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, também escreveu uma carta na qual afirmava que “os direitos de consciência não podem estar submetidos a uma determinada legislação”.

Após vários dias de intensas negociações com os ministros de seu gabinete, Blair parece ter chegado à conclusão que será impossível conceder à Igreja Católica a isenção que reivindica por motivos de consciência.

A única concessão que alguns ministros poderiam estar dispostos a fazer é a de dar aos católicos um prazo de transição para que suas agências de adoção se adaptem à lei de igualdade.

Fonte: Estadão

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