Belém, cidade onde nasceu Jesus Cristo, parece nesta quinta-feira, 10 de janeiro, dia da visita do presidente americano George W. Bush, uma cidade fantasma: as lojas estão fechadas e as ruas desertas.

As forças de segurança palestinas e americanas estão mobilizadas. Milhares de homens armados foram posicionados em Belém, cidade cercada pelo alto muro de separação construído por Israel.

Atiradores de elite estão em alerta no teto da basílica da Natividade. O imponente esquema de segurança foi instalado para permitir a visita ao local do presidente americano.

O comboio presidencial passou rapidamente pelas ruas desertas, onde estavam posicionados policiais palestinos armados.

“Para as pessoas que praticam a religião cristã, não existe lugar mais santo que o lugar onde nasceu nosso salvador”, declarou Bush ao sair da basílica, onde acendeu velas.

Qualquer circulação, inclusive a pé, está proibida na cidade desde a manhã desta quinta-feira. Os jipes da polícia, da guarda presidencial e da segurança preventiva são os únicos autorizados a percorrerem as ruas, com soldados e policiais ostentando suas kalashnikovs.

“Bush vem aqui, e eles fecham todas as lojas. Nem nos deixam trabalhar”, insurgiu-se Alaa, 26 anos, proprietária de um restaurante perto da basílica da Natividade.

“Esta visita não vai trazer nada para nós, e não vai mudar a situação entre israelenses e palestinos. Bush vem aqui apenas para obter um apoio em caso de guerra contra o Irã”, analisou.

Como toda a cidade, a praça diante da basílica está completamente deserta. Para os moradores, será impossível avistar o presidente americano, que chegou a Belém em procedência de Ramallah, na Cisjordânia, onde prometeu aos palestinos um acordo para um Estado antes do fim de seu mandato, em janeiro de 2009.

Porém, para os palestinos, Bush é sinônimo de apoio incondicional ao Estado hebreu e de guerra no Iraque. Aqui, poucas pessoas acreditam em suas palavras.

Surpreendentemente, o prefeito de Belém, Victor Batarseh, não foi convidado à cerimônia de recepção de Bush. “Não fui informado de nada. Só me pediram para mandar limpar as ruas, o que fiz”, declarou.

Prefeito da cidade desde maio de 2005, Batarseh, um cristão de 72 anos, é membro da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), um movimento que está na lista das organizações terroristas do departamento de Estado americano.

Além disso, ele foi eleito à prefeitura graças ao apoio dos vereadores do Hamas, outra facção que Washington considera como terrorista.

Os habitantes de Belém têm boas lembranças da visita de outro presidente americano, Bill Clinton, em 1998.

“Quando Clinton veio, ele passou um tempo conosco, almoçou aqui”, recordou uma idosa.

Depois de Belém, Bush continuará seguindo os passos de Jesus. Sexta-feira, ele seguirá para o norte da Galiléia, onde visitará o monte das Beatitudes. Foi neste lugar que Jesus Cristo pronunciou um de seus sermões mais conhecidos, o Sermão na Montanha.

Fonte: AFP

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