O presidente da CEI (Conferência Episcopal Italiana), Angelo Bagnasco, assegurou nesta segunda-feira (21) que a suspensão da visita do papa Bento 16 à Universidade romana La Sapienza foi sugerida pelas autoridades italianas, o que foi imediatamente desmentido com uma nota do governo.
Em seu discurso de inauguração do Conselho Episcopal Permanente, Bagnasco afirmou que foram as autoridades italianas que “sugeriram” ao Vaticano que cancelasse a visita do papa à inauguração do ano acadêmico, depois de a presença do pontífice ter gerado críticas de um pequeno grupo de professores e alunos.
Após esta afirmação, o governo italiano afirmou em uma nota que “nunca sugeriu às autoridades vaticanas cancelar a visita do papa a La Sapienza, prevista para 17 de janeiro”.
Na nota, diz que para analisar a situação foi realizada uma reunião do governo com o Comitê provincial para a segurança e a ordem pública, que também foi assistida pelos responsáveis da gendarmaria vaticana.
Após esta reunião, tanto o presidente do governo, Romano Prodi, como o ministro do Interior, Giuliano Amato, comunicaram ao Vaticano que as autoridades italianas garantiam totalmente a segurança e o normal desenvolvimento da visita de Bento 16.
Em carta ao reitor de La Sapienza, 67 professores protestaram contra a presença do papa na inauguração do ano acadêmico, por considerar o pontífice um “obscurantista”. Alguns grupos de estudantes também aderiram ao protesto.
A afirmação de Bagnasco alimentou as acusações contra o governo da oposição de centro-direita, que pediu a renúncia do ministro do Interior por mentir sobre este episódio.
“Com as palavras de Bagnasco nos chega a confirmação de que o Ministério do Interior sugeriu ao Vaticano cancelar a visita”, afirmou o porta-voz da direitista Aliança Nacional, Andrea Ronchi.
Durante a grande manifestação de apoio a Bento 16 realizada no domingo na Praça de São Pedro, o papa afirmou que o clima que se criou após os protestos contra sua visita tornou “inoportuna” sua presença na universidade e, por isso, ele decidiu adiá-la.
Fonte: Folha Online