William Levada está em Belo Horizonte, participando de seminário sobre o celibato. Ele reiterou a defesa da Igreja e do casamento heterossexual, mas repudiou a violência e a intolerância contra os homossexuais

O prefeito da Congregação para Doutrina da Fé no Vaticano, o cardeal norte-americano William Joseph Levada, defendeu ontem o celibato como um dos principais valores da Igreja Católica e negou que a opção pela abstinência sexual tenha relação com as centenas de denúncias de casos de pedofilia envolvendo padres. De acordo com o cardeal, o celibato é “uma vocação” que precisa ser compreendida pela sociedade.

Levada está em Belo Horizonte justamente para participar do seminário Dom do Celibato, que será realizado até amanhã. Ele assumiu que é natural as pessoas terem objeção a essa opção, porque essa “não é uma condição natural da humanidade”. Contudo, salientou que esse estilo de vida é responsável por eventuais desvios de conduta ou personalidade.

“O celibato não causa pedofilia. A pedofilia não está ligada somente a celibatários”, declarou. O cardeal exemplificou com o caso de Jerry Sandusky, treinador de futebol americano da Universidade Estadual Penn, no Estado norte-americano da Pensilvânia, durante quase 20 anos e investigado pela suspeita de ter abusado de mais de 20 menores ao longo desse período. “Graças a Deus, em âmbito da estatística geral, a minoria dos casos de pedofilia está vinculada a celibatários”, ressaltou Levada, responsável, no Vaticano, pelos procedimentos relativos às denúncias de pedofilia contra integrantes da Igreja.

Para o cardeal, que trabalhou na cartilha lançada em maio pela Santa Sé com diretrizes de procedimentos em casos de abuso infantil, a questão está relacionada à criação de cada pessoa: “O problema mais central é a formação da sexualidade humana. Se alguém, por exemplo, é ordenado padre, mas não foi adequadamente formado nessa questão, talvez ele terá uma propensão maior (à pedofilia). A falta de uma formação madura humana no campo da sexualidade deve ser vista como a causa da pedofilia”, avaliou.

Levada reafirmou valores da Igreja Católica como a posição contrária ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e ressaltou que o matrimônio entre homens e mulheres é um “meio de proteger a instituição humana”. Mas foi categórico em condenar qualquer tipo de violência ou intolerância contra homossexuais. “A violência não é tolerada pela Igreja. Contra homossexuais ou outras condições, como visões políticas”, declarou.

Também declarou que os sacerdotes devem defender valores humanos. Porém, mostrou-se contrário ao envolvimento de padres com política partidária. Já para os leigos que participem ativamente da política e sejam filiados a partidos que defendem posições contrárias às da Igreja Católica, como a legalização do aborto, “cabe a eles convencer” os correligionários a mudarem de posição Ou “o leigo deve mudar” de partido.

[b]Fonte: O Povo online[/b]

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