Do Intercept
A revolta de bispos e pastores da Igreja Universal em Angola, que levou ao rompimento dos religiosos locais com Edir Macedo e sua cúpula, está no começo – e pode se estender para outros países, inclusive para o Brasil.
Essa é a avaliação do bispo Felner Batalha, um dos líderes da insurgência angolana e um dos primeiros a desafiar o império religioso na África.
“Pode registrar a data e hora. O senhor vai assistir [a repetição desses fatos] em todos os países em que existe a Igreja Universal do Reino de Deus. Todos”, ele me disse, no final de setembro.
Batalha foi o primeiro bispo nomeado e um dos fundadores da Universal em Angola, há 29 anos. Também foi o primeiro a avisar o líder supremo da igreja sobre os problemas no país africano.
No dia 12 de março de 2018, ele enviou uma carta a Edir Macedo, por e-mail, alertando-o sobre os problemas da Igreja Universal em Angola e sobre a possibilidade de uma cisão.
Avisou ainda que essa ruptura poderia ter um efeito “bola de neve” e espalhar-se por todo o mundo.
Jamais recebeu qualquer resposta. Em vez disso, acabou punido e afastado do cargo a que havia acabado de ser indicado, na catedral da Universal do Rio de Janeiro. Daí em diante, seguiu apenas como membro da igreja, até ser alçado como uma dos líderes da chamada “reforma” angolana.
O movimento de contestação dos bispos e pastores da Universal em Angola, iniciado com a divulgação de um manifesto, no final de 2019, explodiu com graves denúncias de abuso de autoridade, racismo, evasão de divisas, expatriação ilícita e lavagem de dinheiro.
Fonte: Diário do Centro do Mundo