Os católicos romanos de Boston, cidade onde em 2002 explodiu um escândalo envolvendo um padre pedófilo, aplaudiram o acordo de 660 milhões de dólares com as vítimas de abuso sexual fechado em Los Angeles, mas disseram que nenhuma quantia pode sarar as feridas.

Um dia após mais de 500 pessoas que dizem ter sido vítimas de abuso por membros do clero concordaram em fazer um acordo para pôr fim a processos contra a Arquidiocese de Los Angeles, muitos católicos dos EUA manifestaram preocupação com a luta da igreja para recuperar a confiança.

“Eu gostaria que isso acabasse. Realmente, eu gostaria que acabasse”, disse Claire Hogan, de 64 anos, ao sair da missa de domingo na igreja Saint Columbkille. A igreja, que tem 136 anos, fica no bairro de Brighton, em Boston.

O escândalo explodiu em 2002, quando se descobriu que muitos líderes da arquidiocese transferiram padres que tinham abusado de menores para novas paróquias, ao invés de exonerá-los ou denunciá-los às autoridades.

“Não há qualquer quantia de dinheiro que possa compensar tudo aquilo”, disse a assistente social Jennifer Meadows, de 34 anos, que foi criada como católica mas deixou de ser praticante.

Depois de Boston, o escândalo se espalhou para quase toda diocese católica nos EUA, dando origem a dezenas de processos, pagamentos de milhões de dólares para as vítimas e exoneração, renúncia ou prisão de padres.

Bob Buchanan, católico de 56 anos de Boston, disse acreditar que a igreja católica está trabalhando para reparar seus abusos.

Por exemplo, um alto clérigo do Vaticano, Padre Raniero Cantalamessa, o único homem que pode pregar para o Papa Bento, disse ao pontífice em dezembro que deveria convocar um dia mundial de jejum e penitência para pedir perdão pelos escândalos de abuso sexual cometidos por padres.

“Eles erraram, mas estão pedindo perdão, de forma que eu posso entender esse acordo”, disse Buchanan.

O acordo de Los Angeles faz com que outro acordo, fechado em 2003 para pôr fim a 550 queixas contra a Arquidiocese de Boston, de 85 milhões de dólares, pareça pequeno.

Fonte: Reuters

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