Católicos romanos e evangélicos luteranos avançaram muito no diálogo ecumênico no país, mas ainda há passos importantes a dar, como o reconhecimento mútuo dos ministérios e a comunhão eucarística.
A constatação é do 2o Encontro de Bispos Católicos e Pastores Sinodais, que reuniu, de 18 a 20 de agosto, 34 representantes da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) e da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) em Curitiba.
O encontro celebrou os dez anos da assinatura da Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, entre a Federação Luterana Mundial e o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
“Tenho certeza de que esse encontro significa um impulso vigoroso para as causas ecumênicas das nossas igrejas”, declarou o pastor presidente da IECLB e moderador do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Walter Altmann, que participou da reunião em Curitiba.
O coordenador da Comissão Bilateral Católica Luterana por parte da IECLB, pastor sinodal Manfredo Siegle, de Joinville, disse que o encontro mostrou muitos sinais de compreensão e de atividades conjuntas entre obreiros das duas igrejas, “mas que resultam muito mais pela vontade individual de cada um.”
O assessor da Comissão Bilateral do Diálogo Ecumênico e Inter-Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Elias Wolff, citou a existência de novos agentes promotores do diálogo na busca de uma “mentalidade teológica ecumênica”, mas ainda sem a experiência de articulação.
“Não podemos abandonar o caminho aberto e profeticamente percorrido antes de nós. A questão é como prosseguir”, indagou o coordenador da Comissão Bilateral por parte da ICAR, bispo Remídio José Bohn.
Na avaliação de Altmann, avanços reais do diálogo teológico levaram a práticas importantes, como o reconhecimento mútuo do batismo e a Declaração Conjunta da Justificação, informa o boletim da CNBB. “No entanto, outras questões já tratadas, como a comunhão eucarística e o reconhecimento mútuo dos ministérios, ainda não são realidades”, apontou.
Para o moderador do CMI, o movimento ecumênico carece de uma reconfiguração criativa, buscando uma nova linguagem, método, objetivos e novas parcerias.
A doutrina da justificação pela fé, um dos pilares da Reforma protestante, provocou a divisão da Igreja no século XVI. A Declaração Conjunta, assinada em Augsburgo em 1999, estabelece que as confissões católica e luterana professam a mesma doutrina sobre a justificação pela fé, embora com diferentes desdobramentos.
Fonte: ALC