Sacerdotes estão proibidos de celebrar missas desde novembro de 2013. Bispo de Foz do Iguaçu, que move ação, exige indenização de R$ 200 mil.
Católicos de municípios do Oeste do Paraná já colheram mais de 5 mil assinaturas para um abaixo-assinado que pede que os três padres afastados das respectivas paróquias em Foz do Iguaçu e Guarapuava possam voltar a celebrar missas. A expectativa é que o documento seja entregue ao bispo até sexta-feira (11). Os três estão afastados desde novembro de 2013 e dizem não saber os motivos da punição. Eles respondem por denúncias de violação de e-mails do bispo diocesano de Foz, Dom Dirceu Vegini.
Apesar da iniciativa dos fiéis, o assessor de comunicação da Cúria Diocesana de Foz do Iguaçu, padre Antônio Viana alega que como a decisão de afastar os padres partiu da alta cúpula da Igreja Católica no Vaticano, o futuro deles não cabe ao bispo. “Dom Dirceu não pode, baseado em um abaixo-assinado, resolver a situação. Ele pode receber o documento, mas não tem obrigação de encaminhá-lo às instâncias superiores”, destaca o porta-voz.
Por outro lado, o advogado dos padres, Álvaro Albuquerque, diz que até agora não conseguiu informações sobre o que teria motivado o afastamento e que a punição neste momento é exagerada. “Tentamos entrar em contato com Roma e até agora não nos foi passado nenhum processo canônico. O que existe, se é que existe, é uma investigação prévia e isso não poderia gerar uma suspensão tão grave como esta”, observa. Além dos sacerdotes, Albuquerque também responde a uma ação movida por Dom Dirceu por injúria e difamação. “Ele pede uma indenização de R$ 200 mil por danos morais e ainda exige que seja cassada minha [licença] da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil].”
[b]Investigações[/b]
Conforme a Cúria, a determinação de afastamento foi assinada pela Congregação para o Clero, com sede no Vaticano. E, especulações dão conta que se baseia em denúncias feitas pelo bispo e por fiéis apontando que sete padres tiveram acesso a mensagens eletrônicas confidenciais. A distribuição dos mais de 200 e-mails teria sido feita em agosto de 2012, mas o caso só foi divulgado no dia 16 de julho de 2013 após o bispo denunciar a invasão de privacidade à polícia. O conteúdo das mensagens está sob segredo de justiça.
Por meio de nota, a Cúria informou na época que a Santa Sé solicitou a investigação prévia dos três sacerdotes conforme exige o Código de Direito Canônico, o que ficaria a cargo do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Cascavel, também no oeste. “O Decreto Administrativo do Tribunal Eclesiástico determinou que, durante a investigação processual, os sacerdotes citados fossem afastados de suas funções ministeriais e ofícios”, diz o comunicado assinado pelo chanceler do Bispado, padre Mariano Venzo.
Quando o caso foi divulgado, Albuquerque alegou que um funcionário roubou a senha do bispo e acessou mensagens eletrônicas confidenciais trocadas entre Dom Dirceu e outros religiosos. Segundo ele, as mensagens continham críticas a alguns padres, cardeais e até ao Papa Francisco.
No dia 19 de julho, Dom Dirceu falou sobre o caso e negou que teria falado mal dos sacerdotes e explicou que não fez denúncia pessoal. “Eu não conheço estas críticas e queria dizer mais: a pessoa que teve acesso ao meu correio eletrônico, ela pôde, também, escrever o que ela quis. E, para me incriminar, enviar para as pessoas as quais ela achou conveniente”, defendeu-se ao dizer que só procurou a polícia para esclarecer o caso.
[b]Fonte: G1[/b]