A variedade de documentos históricos suscitou anos de curiosidade e deu origem a lendas sobre o poder obscuro e terreno da Igreja.
Cerca de cem documentos provenientes dos Arquivos Secretos do Vaticano, da bula papal que destituiu um imperador do século XIII a documentos sobre a Segunda Guerra Mundial, deixarão pela primeira vez o Vaticano para serem expostos, anunciou nesta terça-feira a Santa Sé.
A exposição realizada no Capitólio de Roma, a sede renascentista da Prefeitura, que recebeu o título “Lux in Arcana”, será aberta em fevereiro em ocasião dos 400 anos da criação desses arquivos, em 1612, pelo Papa Paulo V.
A variedade de documentos históricos, com atas, decretos, pergaminhos de ouro e manuscritos de vários pontífices ao longo de doze séculos (do VIII ao XX) suscitou anos de curiosidade e deu origem a lendas sobre o poder obscuro e terreno da Igreja.
A mostra, que permanecerá aberta por sete meses, foi inaugurada pelo número dois do Vaticano, o secretário de Estado Tarcisio Bertone, que reconheceu que será um evento especial, já que os documentos deixam excepcionalmente o palácio apostólico com o objetivo de atingir um público mais amplo.
O prefeito para os Arquivos do Vaticano, monsenhor Sergio Pagano, explicou que serão expostos documentos do pontificado de Pio XII durante a Segunda Guerra Mundial, quase todos fotografias, como forma de lembrar as vítimas do nazismo.
A Secretaria de Estado autorizou a exposição desses documentos, apesar de os arquivos relativos aos anos que vão de 1939 a 1958 estarem fechados e poderem ser consultados apenas em casos especiais.
“Permanecerão fechados por mais três, quatro anos”, explicou Pagano.
Muitos documentos que serão exibidos em Roma mudaram a história, como a bula “Dictatus Papae” de Gregório VII, publicada em 1075, com as 27 axiomas que estabeleciam que o pontífice era o imperador do Sacro Império, senhor absoluto da Igreja e do mundo, e que a Igreja Romana não errou nem errará jamais.
Entre os documentos importantes que serão exibidos estão o pedido dirigido a Clemente VII, em 1530, para a anulação do casamento de Henrique VIII com Catarina de Aragão, os recibos de Miquelângelo e as atas do julgamento de Galileu Galilei.
Será exibida também a delicada carta de seda escrita pela imperatriz chinesa Wang, que se converteu ao Catolicismo.
A seleção, feita entre os 85 quilômetros de documentos que formam o mítico arquivo, foi “drástica e dramática”, confessou Pagano.
[b]Fonte: AFP[/b]