Segundo os organizadores do protesto, as administração pública gastou cerca de 100 milhões de euros para a visita do Papa.

Milhares de pessoas protestaram nesta quarta-feira em Madri contra a visita do Papa e o financiamento público da Jornada Mundial da Juventude, diante do olhar de fiéis católicos com os quais estiveram prestes a entrar em confronto.

Na véspera da chegada a Madri de Bento 16 para presidir o evento, e convocados por mais de uma centena de associações laicas, cristãs, progressistas, ateias, de esquerda e de homossexuais, cerca de 4.000 pessoas, segundo a polícia, percorreram o centro de Madri com lemas como “Deus sim, Igreja não”, “Não com meus impostos” ou “Esta não é a juventude do Papa”.

A manifestação passou pela conhecida Porta do Sol, onde os manifestantes encontraram-se com centenas de fiéis, com alguns dos quais acabaram tendo momentos de tensão, separados por um forte cordão policial.

Alguns peregrinos gritavam “Viva o Papa” e “Esta é a juventude do Papa”, sendo que alguns deles rezaram e cantavam durante a passagem da marcha, enquanto os manifestantes respondiam com “eu sou pecador, pecador, pecador”.

Um dos manifestantes, Ignacio, de 18 anos, sangrava pelo nariz, após ter recebido um soco de um fiel.

“Estava na manifestação com meu pai, e um dos católicos me deu um soco na cara”, disse, assegurando que vai denunciar o fato à polícia.

A prisão de um manifestante por tentar dar uma garrafada em um agente da polícia acabou também por produzir pequenos confrontos entre policiais e manifestantes quando os oficiais levavam o detido.

Bandeiras republicanas e com as cores do arco-íris foram levantadas sobre os manifestantes, que criticam a utilização de recursos públicos em favor de um evento religioso.

“Estão dando facilidades que não dão para outras pessoas, pelo mero fato de serem religiosos”, disse à AFP Irene, uma jovem estudante.

“Cada um acredita no que quiser, mas se o líder deles vêm, que eles paguem”, disse uma jovem.

Segundo os organizadores do protesto, as administrações estatal, regional e local gastaram cerca de 100 milhões de euros para a Jornada Mundial da Juventude e na segurança para a visita do Papa, alojamentos gratuitos em colégios e quadras públicas, e a criação de um passe de metrô mais barato, pouco depois de anunciar uma súbita alta do preço do ingresso de 1 para 1,50 euros.

Por isso, no manifesto final da marcha exigiram que as administrações públicas “deixem de conceder heranças antidemocráticas e privilégios próprios de épocas passadas” à Igreja Católica.

Os organizadores da Jornada Mundial da Juventude insistem que os 50 milhões de euros de custo do evento saem em 80% dos próprios fiéis, que devem pagar, e o restante dos patrocínios de grandes empresas.

[b]Fonte: AFP[/b]

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