Monsenhor André Léonard comparou a doença com os desastres ecológicos causados pela ação do homem.
A Aids é uma “espécie de justiça imanente” que chega quando “maltratamos a natureza profunda do amor humano”, declarou o chefe da Igreja católica belga, Monsenhor André Léonard, em um texto publicado nesta quinta-feira.
Negando que a Aids seja um “castigo de Deus” devido à liberação sexual, o primaz da Bélgica afirmou que “no máximo, esta epidemia seria vista como uma espécie de justiça, mas não significa um castigo”.
Léonard, um conservador que chegou ao topo da Igreja belga em janeiro, comparou a doença com os desastres ecológicos causados pela ação do homem.
“Quando o meio ambiente é maltratado, ele acaba por responder. Maltratar a natureza profunda do amor humano acaba sempre por originar catástrofes em todos os níveis”, insistiu o primaz neste livro, publicado em holandês e que é uma atualização de textos divulgados em francês em 2006.
Críticas
As declarações do líder dos católicos belgas provocaram diversas críticas em seu país.
O Partido Liberal Flamenco (VLD) qualificou as palavras de “incompreensíveis, ofensivas e insuportáveis”.
São “um insulto para os diversos pacientes que lutam contra a doença e para as pessoas que cuidam deles”, acrescentaram em um comunicado os parlamentares do VLD Gwendolyn Rutten e Nele Lijnen.
O Partido Verde Francófono qualificou as palavras de “estúpidas” e “discriminatórias”.
No mesmo livro, Léonard mostra sua oposição ao fim do celibato dos sacerdotes, alguns meses após terem sido revelados na Bélgica centenas de casos de abusos sexuais contra menores cometidos por membros da Igreja católica.
“Todos sabemos que a maioria dos casos de pedofilia ocorre no seio das famílias. É esta uma razão para acabar com os casamentos?”, questiona Léonard.
Fonte: Folha Online