A mando do Partido Comunista Chinês, policiais interrompem culto em igreja doméstica na China. (Foto: China Aid)
A mando do Partido Comunista Chinês, policiais interrompem culto em igreja doméstica na China. (Foto: China Aid)

O governo da China prendeu mais de 1.000 cristãos durante uma megaoperação contra a Igreja de Deus Todo-Poderoso (CAG), em junho. A denominação é uma das mais perseguidas pelo Partido Comunista Chinês (PCC).

De acordo com a Bitter Winter, revista cristã que cobre a perseguição no mundo, no dia 15 de junho, 1.043 membros da igreja foram detidos, na província de Zhejiang.

Fontes do governo de Zhejiang afirmaram à Bitter Winter que a prisão em massa foi parte de uma operação planejada há um ano.

Na noite de 14 de junho, a Secretaria de Segurança Pública da província emitiu uma ordem de prisão com uma lista de nomes aos departamentos da Secretaria de Segurança Pública em várias cidades.

A operação conjunta mobilizou a segurança nacional, polícia armada e polícia de forças especiais. Na cidade de Hangzhou, 189 cristãos foram presos, 170 foram detidos em Wenzhou, e mais de 100 pessoas foram presas nas cidades de Jinhua e Quzhou.

Líderes da igreja torturados

A maioria dos presos eram líderes ou trabalhadores ativos na Igreja de Deus Todo-Poderoso. A operação alvejou a liderança na tentativa de erradicar a denominação.

Um dos membros, que já foi solto, revelou que um líder foi torturado e abusado durante cinco dias, em uma sala ao lado de sua cela. Mais tarde, outro líder também foi submetido a tortura.

“Eu podia ouvir seus gritos”, contou o membro, que não teve sua identidade revelada por motivos de segurança.

Um cristão de 60 anos morreu após três dias na prisão. As autoridades alegaram que ele se enforcou. Porém, a família afirmou que não haviam marcar de enforcamento no corpo do idoso, mas havia marcas de tortura, incluindo ferimentos na cabeça e sangue em seus olhos.

Hoje, 408 cristãos ainda estão detidos e enfrentam processos e sentenças.

Membros já eram vigiados há dois anos

Fontes de dentro do governo revelaram à Bitter Winter que muitos dos cristãos presos estavam sob vigilância do PCC há um ou dois anos, em uma operação lançada pelas autoridades das províncias de Zhejiang e Fujian.

Os membros foram rastreados através de alta tecnologia, os deixando sem possibilidade de se esconderem. A polícia ainda usou agentes secretos para se infiltrar em igrejas da CAG, fingindo interesse nos seus ensinamentos.

Durante um interrogatório, um policial afirmou: “Onde você foi, onde você entra e sai de um lugar, tudo é perfeitamente transparente para nós. Você acha que está sendo muito cauteloso, mas podemos ver através de todos vocês”.

E continuou: “O governo adquiriu muitos equipamentos avançados de vigilância apenas para capturar pessoas como você. Podemos identificá-lo mesmo com seus chapéus e máscaras”.

Outro membro libertado também relatou: “Desta vez, quando fui preso, percebi que a polícia havia usado drones de vigilância para me prender e depois prendeu todos os irmãos e irmãs com quem tive contato”.

Submetidos à doutrinação forçada

Conforme relatos, a maioria dos cristãos detidos foram submetidos à doutrinação forçada na prisão, com especialistas em doutrinação e professores de psicologia. Os membros foram obrigados a assistirem vídeos com ideias ateístas e do PCC.

“Eles nos forçaram a assistir a esses vídeos todos os dias, relatar nossos pensamentos e amaldiçoar o Deus Todo-Poderoso todos os dias!”, disse um dos membros.

De acordo com informações de um oficial de segurança pública à Bitter Winter, o governo comunista ainda fará mais duas operações para prender membros da Igreja de Deus Todo-Poderoso, neste ano.

A denominação foi classificada como uma “seita” e como uma ameaça à segurança nacional pela China e vem sendo perseguida nos últimos anos.

Fonte: Bitter Winter

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