A China vai disponibilizar cópias gratuitas da Bíblia aos atletas, espectadores, turistas e a quem pedir o livro sagrado, durante o período dos Jogos Olímpicos (JO), informou hoje a imprensa estatal chinesa.
Cerca de 10.000 cópias em duas línguas vão ser distribuídas na Aldeia Olímpica, casa de atletas e jornalistas entre 08 e 24 de Agosto, disse ao jornal China Daily, Li Chunnong, diretor geral da Amity Printing Co., a maior editora de livros cristãos do país.
Mais 30.000 cópias do Novo Testamento também vão estar disponíveis durante os Jogos, afirmou o responsável.
De acordo com as práticas olímpicas, as pessoas interessadas podem encontrar a Bíblia nas igrejas e na Aldeia Olímpica, mas o livro não vai estar disponível em hotéis.
A Aldeia Olímpica também vai ter um centro religioso para prestar serviços de culto a seguidores de outras religiões, afirmou Chen Guangyan, presidente da Associação Islâmica na China.
O reverendo Xu Xiaohong do Conselho Cristão Chinês, baseado em Xangai, responsável pela publicação dos livros, adiantou que 50.000 cópias dos quatro evangelhos, em dois idiomas, estão a ser enviadas para as seis cidades onde vão decorrer eventos olímpicos.
A capa dos livros desta edição vai incluir um logótipo olímpico, acrescentou Xu.
“Isto é particularmente significativo porque tanto quanto sei, é a primeira vez que um logótipo olímpico vai ser incluído num livro religioso”, observou Xu, citado pelo China Daily.
Segundo o reverendo, o logótipo inscrito na Bíblia representa a combinação entre “o espírito olímpico e o espírito de levar uma vida orientada para um objectivo, que é algo em que os cristãos acreditam”.
Em novembro do ano passado, a China teve que combater uma alegada intolerância religiosa quando notícias falsas anunciaram que as Bíblias seriam proibidas durante os Jogos.
A organização dos Jogos desmentiu terminantemente as informações e o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou que os falsos relatos de uma agência de notícias religiosa e de um meio de comunicação europeu foram despoletados por pessoas que pretendiam sabotar os JO.
Os atletas e os visitantes podem trazer textos e objetos religiosos para uso pessoal quando estiverem em Pequim durante os Jogos, afirmou a Organização dos Jogos, recomendando num comunicado publicado na sua página da Internet que “cada viajante não traga mais que uma Bíblia para a China”.
Mas esta permissão não se estende ao movimento espiritual Falun Gong, proibido pelo governo comunista chinês por ser um “culto maligno”.
A China é alvo de críticas frequentes devido à violação dos direitos humanos e à repressão da liberdade religiosa.
As autoridades chinesas só permitem manifestações cristãs no âmbito das igrejas aprovadas e controladas pelo Estado, mas milhões de fiéis são membros das igrejas na clandestinidade, que celebram missas em casas particulares e se recusam a aceitar a liderança religiosa do Estado.
A Constituição chinesa permite a existência de cinco igrejas oficiais: budista, taoísta, muçulmana, católica e protestante.
Segundo especialistas locais, a comunidade protestante na clandestinidade terá cerca de 30 milhões de pessoas, e, segundo fontes do Vaticano, a igreja católica clandestina terá mais de oito milhões de fiéis.
Muitos dos líderes destas igrejas são regularmente presos, enquanto as autoridades fecham periodicamente as igrejas e locais de culto clandestinos, prendendo religiosos e fiéis.
Fonte: Lusa/Portugal