Os cabelos loiros e encaracolados continuam iguais aos da época em que Cid Guerreiro botava a garotada para dançar no “Xou da Xuxa” (1986/1992). Mas hoje, aos 50 anos, o compositor não é mais o mesmo. O axé pontuado por letras divertidas dá lugar ao gênero com pegada gospel. Isso porque, há quatro anos, Guerreiro tornou-se evangélico.

Assim, a figura que antes cantava “eu sou pirata a vida inteira até morrer” prepara-se para colocar nas ruas de Salvador – e de onde mais passar durante o carnaval – seu trio elétrico cristão.

Essa é a primeira vez que ele vai cantar apenas músicas de louvor. No palco, o jeitão alegre e a dança continuam iguais. O que muda – e bastante – são as mensagens. “Vou mostrar que o evangelho também é feito de axé e rock. Quero quebrar essa barreira de que crente é um cara careta com a Bíblia debaixo do braço. Temos uma alegria que transpassa tudo isso”, diz. A base de suas performances será o disco “Guerreiro de Deus”, o primeiro gospel do artista, lançado há nove meses.

No set list, músicas como “Prego na Mão”, cujo refrão diz “Jesus morreu na cruz por nossa salvação”, vão dividir espaço pela primeira vez com “Ilariê”. Um dos maiores sucessos de Guerreiro, a faixa imortalizada por Xuxa andava sumida dos shows por motivos óbvios: na mesma proporção em que encheu-lhe os bolsos de dinheiro, causou-lhe problemas.

No final da década de 80, quando o disco “Xou da Xuxa 3” foi lançado, a faixa passou a ser chamada de música do demônio. “Um pastor inventou que ele havia presenciado o momento em que fiz um pacto com o diabo”, conta o cantor. Diziam que bastava ouvir o LP de trás para frente para encontrar mensagens do mal. “Perdi muitos shows. Ninguém queria contratar o Filho do Diabo, nome pelo qual fiquei conhecido”, diz ele. Após os problemas com “Ilariê”, Guerreiro gravou dois álbuns em espanhol e ficou nove anos longe dos estúdios.

Fonte: Estadão

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