A Arábia Saudita permitirá que pessoas não muçulmanas passem a viver na cidade sagrada de Medina, na área conhecida como “cidade inteligente”, prevista para estar pronta até 2015.
Medina é uma das mais importantes cidades no Islamismo, e seus arredores são proibidos para visitações de não muçulmanos.
Meca, a cidade mais sagrada do Islã e local da peregrinação anual conhecida como Hajj, também não permite a presença de pessoas que não sejam seguidores da fé islâmica.
A proibição se deve ao fato de que as autoridades religiosas consideram Meca e Medina cidades estritamente voltadas para a oração e peregrinação religiosa. Isso, segundo eles, não condiz com o turismo e empreendimentos que possam distrair os peregrinos.
Outras duas cidades, Kerbala e Najaf, no Iraque, são sagradas somente para muçulmanos xiitas. Estas cidades são parcialmente abertas a não muçulmanos, estando apenas proibidas as visitações às mesquitas consideradas sagradas.
“Ocidentais nunca tiveram a sensação de morar em uma das duas cidades sagradas do Islamismo. Mas agora isso vai mudar, as pessoas poderão viver a experiência de morar em Medina”, anunciou para a imprensa Sami Baroum, diretor do Grupo Saviola, uma das maiores empresas privadas dentro do projeto.
De acordo com ele, a área conhecida como Haram, que abriga a Mesquita do Profeta Maomé, continuará proibida.
“Os não muçulmanos vão morar perto de Haram e poderão ver as luzes da mesquita e vislumbrar os locais por onde o Profeta Maomé passou há vários séculos”, completou Baroum.
Turistas
O projeto de Medina é conhecido como Cidade Econômica do Conhecimento (KEC, em inglês), a primeira cidade inteligente do país – onde todos os prédios estarão interligados via conexões de voz, dados e vídeo.
O projeto será desenvolvido numa área de 4,8 milhões de metros quadrados e custará mais de U$ 8 bilhões (cerca de R$ 14 bilhões).
Os estrangeiros não muçulmanos serão os profissionais que farão parte do polo tecnológico que a cidade pretende desenvolver.
“A cidade pretende ser uma janela do mundo Islâmico para o mundo”, completou Baroum.
Segundo ele, uma linha de trem-bala será construída para que não-muçulmanos possam viajar ao local e fazer turismo dentro dos limites impostos pelas autoridades.
De acordo com o projeto, a KEC acomodará até 150 mil habitantes em suas áreas residenciais que farão parte de complexos comerciais, além de áreas temáticas e um museu islâmico.
“Medina será a cidade onde não muçulmanos virão para entender o Islamismo e sua História através de museus.”
A Arábia Saudita, segundo a imprensa do país, vem investindo também no turismo religioso como parte de seu plano de diversificar a economia, hoje dependente do petróleo.
“Nós queremos atrair pessoas capacitadas do ocidente para desenvolver a economia islâmica em uma das cidades mais sagradas”, declarou Baroum.
O país também vem construindo outras “cidades econômicas” em diferentes regiões do país que juntas custarão cerca de U$ 60 bilhões.
As cidades serão pólos de tecnologia de informação, pesquisa, indústria farmacêutica, portos marítimos, petroquímica e alimentos.
As novas cidades, segundo o governo saudita, criarão um total de 1,3 milhões de empregos e, uma vez recebendo os investimentos previstos, as cidades aumentarão o Produto Interno Bruto (PIB) do país em US$ 150 bilhões e deverão estar finalizadas até 2015.
A Arábia Saudita possui, hoje, um PIB de US$ 344 bilhões e o governo quer ver a economia do país entre as dez mais competitivas do mundo até 2020.
Fonte: BBC Brasil