O Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI) abrirá, na próxima semana, escritório de emergência em Tegucigalpa, que terá por tarefa acompanhar, por três meses, a situação no país, monitorar violações aos direitos humanos e fornecer material informativo para igrejas e parceiros da comunidade internacional.

A decisão foi tomada depois que delegação do CLAI visitou Tegucigalpa e San Pedro Sula, de 28 de setembro a 2 de outubro, quando verificou a grave situação política, social e econômica instalada no país, de modo especial depois do golpe de Estado perpetrado por militares e famílias da oligarquia local no dia 28 de junho.

O organismo ecumênico regional também constituirá comissão integrada por pessoas que conhecem o contexto latino-americano, para acompanhar a crise política, realizar visitas de mês a mês a Honduras, quando pretende percorrer hospitais, prisões e entrar em contato com organismos de defesa dos Direitos Humanos do país.

Com a iniciativa, o CLAI prestará solidariedade às igrejas hondurenhas para que mantenham a voz profética e pastoral, e que velem pelos direitos humanos. Assegurará, também, que a comunidade ecumênica internacional responda às necessidades das igrejas hondurenhas com recursos financeiros e humanos, com vistas a uma resposta à emergência que o país vive.

Na visita realizada a Honduras, a comitiva do CLAI constatou a polarização da sociedade hondurenha, o que tem reflexos no campo eclesial. A Igreja Católica, a Confraternidade Evangélica Hondurenha, liderada pelas megas igrejas, e os meios de comunicação apoiaram o golpe militar de junho, relatou o jornalista Manuel Torres aos visitantes. No outro lado estão igrejas históricas e pentecostais ligadas ao Movimento Cristão Popular, de resistência ao golpe.

A delegação do CLAI ouviu muitos depoimentos de pessoas que estão com medo, principalmente no interior do país. Policiais e soldados se drogam e passam a noite disparando suas armas para o ar, mantendo a população acordada.

Nenhuma casa pode ficar com porta ou janelas abertas depois do toque de recolher, apesar do calor insuportável no interior das residências. O toque de recolher prejudicou atividades normais das igrejas, porque as pessoas têm medo de sair de casa.

Das 40 emissoras de rádio e dos 70 canais de televisão, quase metade está nas mãos do empresário Rafael Ferrari. Meios de Comunicação jogam um papel importante na polarização da sociedade hondurenha.

Veículo que contesta o governo de fato é controlado e, em situação extrema, fechado. Foi o caso da Rádio Globo, calada pelos militares, mas que passou a transmitir, na resistência, a partir de San Salvador.

Fonte: ALC

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