O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) acolheu com satisfação a iniciativa do grupo dos sete países mais industrializados (G7), que prometeram no fim de semana passado cancelar as dívidas do Haiti. Numa carta do secretário geral do CMI, pastor Dr. Olav Fykse Tveit, o CMI pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e a outras instituciones financeiras internacionais que sigam o exemplo do G7 e assegurem que o apoio financeiro ao Haiti “consista em doações e não gere dívida”.
Tveit manifestou sua satisfação e apreço pela iniciativa do G7 numa carta de 8 de fevereiro dirigida ao ministro das finanças do Canadá, James M. Flaherty, que recentemente acolheu a reunião do G7 no Canadá. Foram enviadas também cartas de agradecimiento aos ministros das finanças da França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, os outros membros do G7.
Tveit expressou a esperança de que a iniciativa do G7 “estimule outros países e instituições multilaterais a que se comprometam a cancelar incondicionalmente as dívidas do Haiti”.
Em 12 de janeiro, a capital de Haiti, Porto Príncipe, sofreu um terremoto que, segundo informes, causou cerca de 200 mil mortos e 250 mil feridos, e deixou 1,5 milhão de pessoas desabrigadas.
Com respeito ao FMI, Tveit expressou a preocupação de que “mais empréstimos” da instituição façam aumentar a “carga da dívida do Haiti”. Lamentou que o FMI não tenha mostrado uma “vontade clara” nem tenha tomado “todavia, nenhuma medida concreta para cancelar a atual dívida do país” caribenho.
Em 20 de janeiro, o diretor gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, disse que a instituição estava “trabalhando com todos os doadores para tratar do cancelamento de toda a dívida do Haiti”, incluindo o último empréstimo sem interesse do FMI num montante de 100 milhões de dólares. “Se conseguirmos – e estou seguro que o conseguiremos – incluído este empréstimo acabará sendo convertido em doação, porque terá eliminado toda a dívida”, disse Strauss-Kahn.
Desde então, os funcionários do FMI têm mostrado muito menos entusiasmo que seu chefe. Em 27 de janiero, a chefe da missão do FMI para o Haiti, Corinne Deléchat, disse que o alívio da dívida vai depender de uma avaliação das necessidades causadas pela catástrofe, que se realizaria em fevereiro, e disse que o alívio da dívida pode conseguir “pouco, em comparação com as necessidades”.
Em 4 de fevereiro, a diretora de relações exteriores do FMI, Caroline Atkinson, disse que o alívio da carga da dívida “não é um problema hoje” devido ao fato de que o “Haiti não deve nenhum pagamento de interesses de dívida ao FMI agora e não o deverá durante pelo menos dois anos”.
Em sua carta aos ministros do G7, Tveit reiterou o chamamento do CMI “em favor do cancelamento imediato e completo da dívida externa do Haiti, já que o país, açoitado pelo terremoto, necessita um plano mais amplo para apoiar a recuperação, a erradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável”.
Instou também às instituições financeiras internacionais para que “adotem medidas urgentes para cancelar as dívidas do Haiti” e garantir que “todo o apoio financeiro ao Haiti consista em doações e não gere dívida”.
Tveit reiterou o compromisso da família ecumênica com a satisfação das necessidades do Haiti, a longo prazo. As igrejas e suas organizações relacionadas em todo o mundo têm participado nos esforços de socorro desde que ocorreu a catástrofe, especialmente por meio da Alianza ACT, agrupamento ecumênico mundial de igrejas e organismos conexos que se dedicam a fornecer socorros de urgência e facilitar o desenvolvimento, e é uma organização associada do CMI.
Fonte: ALC