Os bispos e arcebispos da 46ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em Itaici, Indaiatuba, no interior de São Paulo, vão discutir na próxima semana a polêmica sobre a transposição do rio São Francisco.
O bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, que no ano passado fez 24 dias de greve de fome contra a transposição, informou hoje que bispos e arcebispos deverão discutir mais questões sociais do que técnicas.
Em dezembro, o grupo ligado a dom Cappio apresentou documento ao governo federal com oito contrapropostas à transposição. Entre elas estava a redução do volume de água captado, de 28 mil para 9 mil litros de água. “Mas não são questões técnicas como esta que estarão em discussão na CNBB”, disse dom Cappio. O bispo de Barra vai propor o debate de dúvidas sobre os projetos alternativos à transposição.
“Temos de dirimir essas dúvidas. A imprensa tem dito que a questão dividiu o episcopado, mas não é isso. Os bispos têm opiniões diferentes sobre assuntos diversos. O que deve ser discutido aqui é que a transposição não vai resolver o problema do nordeste setentrional. O abastecimento pela transposição visa ao uso econômico da água e não das comunidades carentes do nordeste”, afirmou dom Cappio. “Temos água acumulada em açudes e rios. O que faria a diferença seria a distribuição.”
Entre os pontos a serem abordados o bispo de Barra citou as 530 obras hídricas previstas no Atlas Nordeste de Abastecimento Urbano de Água, proposto pela Agência Nacional de Águas (ANA). “A soma dos projetos da ANA e da Articulação do Semi-Árido atenderiam 44 milhões de seres humanos de dez Estados e não apenas quatro Estados, como prevê o projeto de transposição”, disse dom Cappio.
Até sexta-feira, aproximadamente 300 bispos e arcebispos na ativa e outros 80, aposentados, vão discutir e aprovar Novas Diretrizes de Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. Hoje, após missa e assembléia realizadas pela manhã, dom Cappio disse que os trabalhos sobre as novas diretrizes têm como um dos principais focos o espírito missionário.
Fonte: Estadão