O arcebispo-primaz da Comunhão Anglicana, Rowan Williams, teme um cisma entre os anglicanos. O risco surgiu agora, mais uma vez, depois das resoluções aprovadas, em Julho passado, pelos episcopalianos (anglicanos) dos Estados Unidos da América.
O arcebispo pediu ajuda ao Vaticano, tendo “L’Osservatore Romano” publicado um artigo favorável à sugestão do arcebispo de Cantuária, que pretende, tal como a Igreja Católica, salvaguardar o ecumenismo entre as igrejas cristãs. Rowan Williams entende que os anglicanos devem defender e promover a unidade, pois a divisão prejudicaria o movimento ecuménico, em especial com a Igreja Católica.
As resoluções aprovadas por algumas províncias dos episcopalianos estão em contradição com a doutrina e a prática dos católicos e dos ortodoxos, adverte o arcebispo Williams. As decisões referem-se à homossexualidade, declarando que podem aceder ao sacerdócio e ao episcopado todos os baptizados, incluindo homens e mulheres que mantêm relações com pessoas do mesmo sexo. Outra resolução prevê a bênção litúrgica de casamentos entre homossexuais.
O arcebispo de Cantuária defende que o matrimónio de homossexuais não tem fundamento bíblico, devendo a Comunhão Anglicana guiar-se pela Bíblia, rejeitando as resoluções de seis estados norte-americanos que permitem o matrimónio de pares homossexuais e menos ainda a admissão ao sacerdócio e ao episcopado de homens e mulheres que vivem com pessoas do mesmo sexo.
O primaz dos anglicanos propõe às 44 províncias que fazem parte da Comunhão Anglicana, com 77 milhões de fiéis, que subscrevam um pacto sobre a ortodoxia bíblica.
O tema não é pacífico entre anglicanos: uns respeitam a tradição bíblica e têm uma visão comum sobre a doutrina e a prática anglicanas, e sentem-se ecuménicos; outros dão prioridade às decisões da própria comunidade e vêem a comunhão anglicana como uma federação livre e independente.
Admite-se que os fiéis anglicanos possam assinar individualmente aquele pacto, mesmo que a igreja da sua província não o faça. Só quem o assinar poderá participar em encontros ecuménicos na qualidade de representante da comunhão anglicana, de modo que as outras igrejas saibam com quem dialogam nos encontros ecuménicos.
O jornal “L’Osservatore Romano” chamou-lhe “dois estilos diferentes para os anglicanos”.
Fonte: Jornal de Notícias – Portugal