Ainda sem saber a dimensão total dos estragos, a comunidade luterana já está se organizando para a reconstrução da igreja que foi atingida no desabamento do prédio Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo.
Mesmo danificados, tijolos, arcos de madeira e vitrais da Igreja Martin Luther têm uma importância fundamental nesta reconstrução para que a restauração chegue o mais próximo possível de como era o imóvel.
Oito dias após o acidente, a igreja já tinha arrecadado R$ 80 mil em doações de outras comunidades luteranas do Brasil e também do exterior. O pastor Frederico Carlos Ludwig também pediu ao Corpo de Bombeiros para não retirar o entulho da igreja.
“Ali nos escombros, tem muito material valioso. Os tijolos podem ser reaproveitados, os bancos podem ser consertados, até mesmo os vitrais podem ser reconstruídos mesmo que a gente use só parte deles”, diz o pastor.
A intenção da comunidade é reconstruir a igreja no mesmo local, já que a torre frontal e o altar não foram afetados. “Só o miolo foi afetado. É possível que ela volte a ser exatamente como era antes”, disse o pastor Ludwig.
O religioso afirmou que não é possível, por ora, estimar o custo da reforma, já que ainda não há um parecer final do estado do imóvel pela Defesa Civil. O projeto de reconstrução também vai precisar de aprovação do Condephaat e Conpresp, conselhos de defesa do patrimônio histórico do Estado e município de São Paulo, respectivamente, responsáveis pelo tombamento da igreja.
O valor arrecadado ainda está muito longe do que a eventual reconstrução deve custar. O último restauro da igreja, que havia sido concluído há dois anos, custou R$ 1,3 milhão apenas para a parte interna. Mesmo sem um laudo final, o que se sabe sobre a situação do imóvel é que 90% do telhado e a parede do lado direito foram derrubados.
Para o professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) Lucio Gomes Machado, é possível restaurar a igreja “da forma como foi concebida” e manter o tombamento do imóvel. “O valor dele não está na originalidade da construção, mas no seu valor cultural e arquitetônico. Na correspondência do projeto com a religião”, diz.
Segundo Machado, por ser uma construção do início do século 20, a maioria dos materiais foi feita industrialmente, como os tijolos. Assim, mesmo que estejam destruídos, podem ser reproduzidos no mesmo formato e tamanho. “É perfeitamente possível remontar a igreja a partir do que sobrou”, conclui.
Fonte: Correio Braziliense