Conferência Episcopal da Venezuela exigiu do presidente Hugo Chávez o direito de discordar sobre a reforma constitucional que ele promove e se mostrou contrária “aos ataques difamatórios e ofensivos” contra o cardeal Jorge Urosa e outros religiosos.
Em um documento apresentado nesta segunda-feira, a Conferência Episcopal afirmou que “todos os cidadãos têm o direito de ter uma opinião sobre a proposta de reforma e de expressá-la democraticamente. Conseqüentemente, ninguém tem o direito de oprimir ou insultar quem discordar dela”.
Na noite de sexta-feira, o presidente venezuelano chamou os membros da hierarquia da Igreja católica de “vagabundos”, “meliantes”, “puxa-sacos”, “estúpidos”, e “retardados mentais”. Eles haviam criticado a proposta para modificar a Constituição de 1999.
“São o demônio, defensores dos interesses mais podres, são verdadeiros vagabundos. Todos, do cardeal para baixo”, disse Chávez.
Sobre a reforma constitucional, que será submetida a um referendo no próximo domingo, a Conferência Episcopal insistiu que “é desnecessária, moralmente inaceitável e inconveniente para o país”.
Segundo o documento, a reforma “além de restringir muitos direitos humanos, civis, sociais e políticos, cria motivos de discriminação política e introduz novos campos de enfrentamento e polarização entre os venezuelanos”.
A reforma constitucional defende a reeleição presidencial ilimitada, maiores atribuições para o Poder Executivo, e solidifica as bases para a construção do socialismo.
A proposta também contempla a possibilidade de uma nova divisão político-territorial, com autoridades nomeadas pelo presidente.
Fonte: AFP