A conferência internacional sobre Mahatma Gandhi, que acabou ontem em Nova Délhi, reivindicou um reforço do sistema da ONU como principal mecanismo na solução de conflitos, assim como um empenho organizado na luta contra o terrorismo.

A conferência, realizada pelo governante Partido do Congresso, acabou com uma “declaração do centenário do Satyagraha”, o movimento de desobediência (“Satyagraha”) civil iniciado por Gandhi na África do Sul há um século.

Durante dois dias, prêmios Nobel da Paz como Desmond Tutu, Muhammad Yunus e Lech Walesa dividiram a cena com figuras políticas de todo o mundo e com fãs de Gandhi, o principal ícone da nação indiana, para chegarem à conclusão de que os princípios do líder pacifista continuam válidos no mundo atual.

Segundo as agências indianas “PTI” e “Ians”, além do princípio da não-violência, a declaração defende um mundo mais igual, unido em sua luta contra a pobreza, no qual o desenvolvimento não cause danos ao meio ambiente, que deve ficar livre das armas nucleares e de outras formas de destruição.

Em discurso que foi muito aplaudido, o arcebispo sul-africano Tutu declarou: “Onde estão agora os Hitler, os Mussolini, os Pinochet ou os que perpetuaram o apartheid? Mas para Mahatma Gandhi, para Dalai Lama, para Madre Teresa e para Nelson Mandela sempre destinamos a maior estima e uma profunda reverência”.

A presidente do Partido do Congresso, Sonia Gandhi, participou anteontem da abertura e do encerramento ontem, junto com o primeiro-ministro, Manmohan Singh, enquanto o opositor BJP criticava o fato de o “Satyagraha” ter sido um evento partidário.

Em seu discurso, Singh afirmou que o legado de Gandhi será mantido enquanto perdurar a “idéia de Índia”, que, para ele, representa o pluralismo, “a idéia de que não haverá um conflito de civilizações”, mas que é “possível trabalhar por uma confluência de civilizações”.

Representantes de mais de 70 países – entre eles Brasil, Chile, México, Venezuela e Espanha – participaram da conferência.

A declaração pede, entre outros pontos, que a ONU declare o dia 2 de outubro, data de nascimento de Gandhi, como o Dia Internacional da Não-Violência.

A Índia recordou ontem o dia em que Gandhi morreu, assassinado por um radical hindu.

Fonte: EFE

Comentários