Ao menos 29 pessoas morreram durante um evento religioso ocorrido na capital da Libéria, Monróvia, na madrugada desta quinta-feira, 20. Entre as vítimas estão 11 crianças que participavam do evento.
“Crianças que participavam desta cruzada”, estão entre as vítimas, disse à AFP o porta-voz da polícia local, Moses Carter.
Carter disse ainda que o “número (de mortos) pode aumentar porque outras pessoas estão em estado crítico”. Ele também declarou que, até o momento, as autoridades não sabem ao certo em que circunstâncias se deu o triste episódio.
A imprensa local informou que os fiéis foram atacados por bandidos, o que teria causado pânico entre os presentes.
“Quando estávamos saindo, zogos (nome dado a bandidos de rua) armados com facas começaram a pedir dinheiro e telefones”, contou Elisabeth Wesseh, de 34 anos.
“Ficamos assustados e começamos a correr, mas a saída era pequena demais para todos. Aqueles que caíram, foram pisoteados pelos outros”, disse ela.
O pânico causou um refluxo. “As pessoas que saíam se encontraram com aquelas que fugiam”, disse Dixon Seebo, um parlamentar local.
“Entre as vítimas, há onze crianças e 18 adultos”, informou.
Os fatos ocorreram durante um evento de dois dias no bairro pobre de New Kru, na periferia leste da capital.
A reunião de oração em torno de um pregador popular, o pastor Abraham Kromah, atraiu grandes multidões, de acordo com imagens divulgadas pela imprensa e que circulam nas redes sociais.
Tais encontros, caracterizados por seu fervor religioso, são comuns neste país muito religioso e predominantemente cristão, um dos mais pobres do planeta, duramente atingido por guerras e doenças em sua história recente.
No final do evento, os fiéis foram convidados a fazer uma oferta antes de partir, segundo informou uma testemunha.
“Quando aqueles que haviam deixado sua oferta saíram do local, ouvimos um barulho muito alto vindo da entrada”, disse a testemunha, Emmanuel Gray, de 26 anos, à AFP.
“Quando chegamos lá, encontramos muitas pessoas caídas no chão, mortas, e outras lutando pela sobrevivência”, relatou.
O presidente George Weah, “afligido por esta calamidade”, declarou três dias de luto nacional e ordenou que todas as bandeiras fossem hasteadas a meio mastro em prédios públicos em todo o país.
Ele pediu que a polícia realize rapidamente “uma investigação exaustiva para descobrir se atos criminosos são ou não responsáveis” pela tragédia.
A Libéria, um país de cerca de 5 milhões de pessoas na costa atlântica, luta para se recuperar de duas guerras civis que deixaram cerca de 250 mil mortos e centenas de milhares de deslocados entre 1989 e 2003.
As duas guerras civis causaram o colapso do Estado, devastaram a economia e as infraestruturas industriais.
Depois, a Libéria foi um dos três países mais afetados pelo vírus Ebola que eclodiu na África Ocidental em dezembro de 2013 e durou mais de dois anos. No total, mais de 11.300 pessoas morreram da doença no continente, incluindo mais de 4.800 na Libéria.
Mais recentemente, a pandemia de covid-19 dificultou ainda mais os esforços de recuperação.
Fonte: UOL, DN Notícias e Notícias ao Minuto