Com o crescimento das igrejas evangélicas, a formação teológica no Brasil passou a ser mais valorizada como uma referência de aprofundamento na Palavra de Deus. Conselho Federal de Teologia diz que apenas 600 dos 735 mil teólogos no Brasil possuem registro.

No entanto, no campo profissional, as dificuldades e a falta de organização ainda são imensas. Diante das agências financeiras, por exemplo, esta é uma atividade que ainda encontra resistência na hora de comprar bens financiados. Isso ocorre pela falta de legislação na área e registro reconhecido pelo governo.

Situações desse tipo já foram presenciadas pelo pastor Arlindo Rodrigues, da Igreja Batista. “Conheço alguns amigos que chegaram em lojas para comprar carros ou até mesmo pedirem financiamentos de baixo valor e sequer foram bem atendidos por terem declarado que eram pastores. Quando não se possui um registro, pra todos os efeitos você está agindo ilegalmente. Lembro de quando fui para o nordeste plantar uma congregação, ao chegar no local, os pastores não me conheciam; apresentei a documentação e logo fui identificado como líder evangélico”, relata.

De acordo com o Conselho Federal de Teologia (CFT), o Brasil possui cerca de 735 mil teólogos, mas apenas 600 possuem o registro profissional. Valter Filho, presidente do CFT, diz que a obtenção de um registro profissional, reconhecido pelo governo, comprova que o pastor não está agindo na ilegalidade e traz benefícios como o reconhecimento da sociedade.

“O primeiro benefício é, sem dúvida, o reconhecimento. A partir do momento que os pastores possuem um documento oficial chancelado pelo Governo Federal, para o livre exercício de sua profissão, eles são vistos de outra forma, tanto por suas igrejas, quanto pela sociedade”, explica.

O pastor Arlindo Rodrigues diz que a utilização do registro também é necessária para que haja reconhecimento entre os pastores. “Infelizmente é necessário a utilização destes artifícios para que possamos identificar com quem estamos falando. Com a facilidade que existe hoje no Brasil de se formar pastores é importante reconhecermos aqueles que merecem ser destacados. O servo de Deus é conhecido por seus atos, mas, aqui na Terra, também por sua documentação”, completa.

Vocação em primeiro lugar

O pastor Pedrão, da Comunidade Batista do Rio de Janeiro, diz que o Conselho é importante para ajudar pastores que não possuem ajuda em suas igrejas, mas ele ressalta que a vocação e o chamado de Cristo não deve ficar sufocada pela profissionalização. “É uma questão delicada porque não podemos permitir que as pessoas busquem a atuação como pastores, apenas para ter uma profissão. Temos que lembrar que da vocação. O verdadeiro chamado de Cristo deve vir em primeiro lugar”, ressalta.

Da mesma forma, o pastor Nilmo Almeida, da Igreja Batista Betânia de Irajá, diz que a profissionalização deve ser vista com cuidado. “A profissionalização pode ser polêmica. Eu acredito que o aprimoramento faz parte de qualquer profissão. Mas, no nosso caso, também é uma questão de vocação, do chamado de Cristo. Atualmente, há uma exigência da sociedade para que aquilo que você exerce seja enquadrado. Isso não deixa de ser importante porque o Estado vai identificar o que você exerce. Mas a essência do chamado de Cristo não pode, de maneira alguma, perder espaço para a regulamentação”, descreve.

Fonte: Elnet

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