A bancada de bispos, pastores e integrantes das igrejas evangélicas saiu das eleições de domingo com mesmo número de parlamentares do PSDB.
Com o ataque à descriminalização do aborto e ao casamento gay como bandeiras, a bancada evangélica aumentou sua participação no Congresso Nacional em quase 50%. A bancada de bispos, pastores e integrantes das igrejas evangélicas saiu das eleições de domingo com mesmo número de parlamentares do PSDB. Só perde agora para as bancadas do PT e do PMDB, partidos com o maior número de representantes no Congresso.
Levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap)registra a reeleição de 32 dos 45 parlamentares da bancada e a eleição mais de 34 integrantes de igrejas evangélicas. Com Assembleia de Deus à frente na contabilidade, a bancada tem agora 63 deputados e 3 senadores.
Os números mostram que a bancada evangélica reverteu o desfalque sofrido nas eleições de quatro anos atrás _ e que interrompeu um crescimento iniciado nos anos 80. A bancada minguou na eleição de 2006 em decorrência do envolvimento de parte de seus integrantes nos escândalos do mensalão e dos sanguessugas. Esse último flagrou parlamentares no esquema da compra de ambulâncias por preços superfaturados.
A lista de novatos no Congresso inclui o ex-governador Anthony Garotinho (PR-RJ), que disputou a eleição graças a uma liminar obtida na Justiça, e a cantora gospel Lauriete Rodrigues (PSC-ES).
Outro novato na Câmara, o diácono da Assembleia de Deus Erivelton Santana (PSC-BA) disse ontem que a prioridade no mandato será se opor aos projetos que “não se identificam com princípios bíblicos”, como a descriminalização do aborto. Ele disse que também foi eleito para defender interesses institucionais das igrejas evangélicas , como evitar a cobrança de impostos sobre contribuições e dízimos dos fiéis.
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado João Campos (PSDB-GO), um dos reeleitos, já apostava no crescimento, movido, segundo ele, pelo combate a propostas de lei “consideradas nocivas à sociedade”.
O blog da frente registra as prioridades para a legislatura que começa em fevereiro: “Projetos como legalização do aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, mudança do conceito de família, Plano Nacional de Direitos Humanos e projetos homofóbicos que criminalizam pastores e demais que ousarem protestar contra o pecado da homossexualidade são objetos de luta para não aprovação da Frente Parlamentar Evangélica”.
O Plano Nacional de Direitos Humanos, lançado pelo governo Lula no final do ano passado, foi alvo de campanha da frente em março. Na “Carta de Brasília”, divulgada pela bancada, os líderes evangélicos se insurgiram contra o apoio do plano, em sua versão original, à descriminalização do aborto e à união civil de pessoas do mesmo sexo.
O documento também investiu contra o homossexualismo ao defender que é “dever do Estado disponibilizar meios para indivíduos resgatarem sua condição original de gênero”.
Os evangélicos também trabalharam neste ano contra o projeto que torna crime a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, que fica sujeita a pena de multa e reclusão, da mesma forma como a discriminação por raça, cor, etnia, religião, sexo e gênero.
O grupo fez campanha a favor do “Estatuto do Nascituro”, projeto de lei que aumenta punições a condutas ligadas ao aborto e tenta garantir a vida de bebês concebidos em estupros, uma das hipóteses em que a legislação já permite o aborto.
A bancada evangélica é uma das maiores bancadas suprapartidárias com atuação no Congresso, ao lado da bancada ruralista. O PSC é o partido com o maior número de parlamentares no grupo, que reúne integrantes da base de apoio do governo Lula e também da oposição.
[b]Fonte: Estadão
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