Menino em 2002 e coadjuvante em 2006, Kaká pela primeira vez será a principal estrela da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2010, quando tentará provar que ainda está entre os melhores do planeta, após uma temporada marcada pela desconfiança no Real Madrid. Evangélico e nada fã das baladas, Kaká disse que o time agora está no caminho certo para ser campeão.
O meia da seleção brasileira disse, nesta sexta-feira, que uma vitória do Brasil na África do Sul colocará um jogador do país como o favorito para ser eleito pela Fifa o melhor do mundo no fim do ano, prêmio que Kaká foi o último brasileiro a conquistar, em 2007.
“Não é o meu objetivo principal, mas eu penso sim”, disse Kaká a jornalistas quando perguntado se mirava o prêmio de melhor do mundo.
“Espero que no fim do ano um jogador brasileiro seja escolhido o melhor do mundo, porque se for assim o Brasil terá sido campeão mundial. As coisas pessoais acontecem depois que você ganha com o clube ou com a seleção.”
Aos 28 anos, Kaká está entre os jogadores mais experientes do grupo brasileiro, prestes a disputar sua terceira Copa do Mundo. O Mundial deste ano, no entanto, será seu primeiro como a estrela da seleção, após a reserva de 2002 aos 18 anos e o papel de coadjuvante de Ronaldo e Ronaldinho em 2006.
Dentro de campo, a própria equipe o considera como um líder e o jogador capaz de resolver as partidas mais difíceis, e ele garantiu que está “pronto para assumir essa responsabilidade”, aparentando tranquilidade e confiança na mais concorrida entrevista coletiva da seleção na África do Sul até o momento.
No amistoso de quarta-feira contra o Zimbábue, vencido pelo Brasil por 3 x 0, Kaká voltou a disputar uma partida pela primeira vez em um mês, após ter se apresentado à seleção com uma lesão muscular na coxa esquerda. O jogador teve uma atuação apagada antes de ser substituído no intervalo, mas a boa notícia foi que não sentiu qualquer sinal da contusão.
O próprio Kaká reconheceu que estava preocupado com sua forma física, uma vez que outra lesão, na região pubiana, o deixou fora de ação por seis semanas entre março e abril no Real Madrid.
“Foi um teste muito positivo. Foram 45 minutos que consegui fazer as coisas sem dor. Aos poucos vou me soltando, ganhando ritmo de jogo, e acredito que nos primeiros jogos (da Copa) já vou estar bem”, disse.
Com a experiência de quem ganhou o título de 2002 e perdeu quatro anos depois, o meia defendeu a forma de preparação implantada pelo técnico Dunga, que decidiu fechar o acesso à seleção após os problemas ocorridas na cidade Suíça de Weggis, onde o Brasil preparou-se para a Copa da Alemanha em meio a uma enorme badalação.
Evangélico e nada fã das baladas, Kaká disse que o time agora está no caminho certo para ser campeão.
“Durante uma Copa você pode ganhar ou perder, mas acho que com a preparação como está sendo feita agora a probabilidade de um sucesso é muito maior”, afirmou.
Bola polêmica
Kaká disse que não tem críticas à Jabulani, a bola nova da Copa do Mundo. Até agora, ele foi o único jogador brasileiro a não se manifestar contra a bola, que foi criticada por Júlio César, Luís Fabiano, Robinho, Felipe Melo e até pelo técnico Dunga.
A Jabulani recebeu adjetivos como “sobrenatural”, “horrorosa” e “patricinha” dos jogadores do Brasil, mas Kaká foi enfático ao dizer que não tem nada contra a bola.
“Não vou criticar a bola da Copa. Desde que eu me conheço como jogador, em todas as competições têm críticas sobre bolas”, disse.
“Só que a Copa tem uma proporção e uma intensidade maior. Então se cria toda essa polêmica em torno da bola, principalmente na primeira semana, mas agora todo mundo já está adaptado. Essa é a bola da Copa e é com ela que espero que nós sejamos campeões.”
O jogador disse que novas tecnologias sempre causam críticas inicialmente, mas que agora até os críticos já estão se adaptando. “Eu já vejo o Luís Fabiano beijando a bola nos treinamentos”, disse.
Sobre a possibilidade de ser escolhido o melhor jogador do mundo, Kaká repetiu o que Júlio César e Luís Fabiano já haviam dito.
“Se um brasileiro for escolhido o melhor do mundo no fim do ano, significa que o Brasil terá sido campeão do mundo”, disse Kaká. Ele disse que a seleção tem vários líderes e que hoje se sente pronto para ser um deles.
Em uma pergunta de um jornalista argentino, Kaká mostrou que defende a seleção também fora de campo. O repórter perguntou se para o Brasil apenas o resultado é importante e se jogar bem não interessa mais aos brasileiros.
“Importa como se joga também. Ganhamos da Argentina por 3 a 1, em Rosário, [nas Eliminatórias] e para nós, isso foi um espetáculo.”
Arbitragem
Kaká revelou detalhes da reunião que os jogadores tiveram na quinta-feira à noite com o ex-árbitro argentino Horacio Elizondo, que apitou a final da Copa de 2006 e hoje atua como instrutor do Programa de Assistência à Arbitragem da Fifa.
Elizondo disse que os árbitros que apitarão as partidas do Brasil estão vendo jogos da seleção e que conhecerão o estilo dos jogadores antes dos jogos.
Ele também passou a orientação da Fifa sobre “paradinhas” na hora de cobranças de pênalti. Kaká disse que a orientação é que os jogadores, ao firmarem o pé de apoio, precisam bater na bola imediatamente. Ele revelou que todos os exemplos de “paradinhas” no vídeo exibido pelo representante da Fifa eram de jogadores brasileiros.
Fonte: Reuters e BBC Brasil