Neste domingo, dia 1º de julho, ocorre a audiência final, na Suprema Corte Administrativa do Egito, para julgar o recurso de 45 cristãos coptas que tentam mudar a identificação de seu status religioso.

Metade deles já era adulto quando requisitou a mudança de seu status religioso de cristão para muçulmano e agora quer voltar atrás. Os demais são filhos de pais cristãos coptas, que ao nascerem receberam o status de muçulmano.

Na audiência do dia 18 de junho a corte administrativa negou pela segunda vez o pedido dos 45 cristãos coptas. “A recusa significa que o governo está forçando as pessoas a abraçarem credos contra a sua própria vontade”, disse Naguib Gabriel, advogado dos coptas.

“Eles estão sendo forçados em seus papéis oficiais a pertencerem a uma religião na qual eles não acreditam”, reforçou o advogado.

Os cristãos egípcios facilmente mudam o status religioso para muçulmano, o que permite que eles recebam incentivos do governo e tenham alternativas para a custódia dos filhos, em casos de divórcio.

No entanto, quando pertencem à nação muçulmana, não é permitido deixarem a sua religião por qualquer outra fé.

Naguib apresentou um portfolio com 29 veredictos prévios sobre a questão que tramitaram em cortes administrativas e que permitiram aos coptas recuperar a identidade cristã.

Nenhuma destas decisões passou de geração para geração (ou seja, os filhos deles receberam status de cristãos) ou foi mudada nos últimos três anos.

O advogado do governo, contudo, argumentou que o primeiro veredicto, do juiz Muhammad Husseini, no dia 24 de abril, foi “completamente permeado por princípios islâmicos da sharia (lei religiosa)”.

Na ocasião o juiz acusou os 45 coptas de adotarem o islã com o propósito de manipulação religiosa.

Rigor da sharia

O ministro do interior insistiu que o islã exige a qualquer pessoa que decida abandonar sua fé islâmica a condenação à morte.

Apenas as apóstatas muçulmanas, disse ele, é que devem ser presas e açoitadas a cada três dias até que decidam voltar ao islã.

O jornal “El-Adly” acusou centenas de coptas por entrarem com pedidos para manter a identidade cristã de “brincarem com a religião” e causarem uma divisão da identidade nacional.

De acordo com o doutor Muhammad el-Sayed, especialista do Centro Al Ahram de Estudos e Políticas Estratégicas, o veredicto pode ventilar o ódio religioso e o conflito sectário no Egito.

Em declaração ao jornal “Watani”, em 29 de abril, Muhammad el-Sayed disse que a sentença contradizia a garantia constitucional de que todos os cidadãos são iguais.

Ainda não está claro se a sentença final de 1º de julho poderá ou não cancelar o direito dos que se converteram anteriormente ao islã de retornarem ao cristianismo.

Fonte: Portas Abertas

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