A Alta Corte do Estado de Gujarat, na Índia, ouviu, no dia 6 de novembro, uma contra-queixa de oito cristãos acusados de conversões forçadas e tentativa de assassinato. Essa contra-queixa diz que extremistas hindus os atacaram e a polícia os torturou.
Os oito cristãos – todos obreiros da Sociedade Missionária Indiana (IMS, sigla em inglês) – fizeram uma petição no dia 28 de setembro contra nove extremistas hindus por atacá-los na vila Vankadi, em 20 de setembro.
“A honorável corte aceitou o pedido dos cristãos, procurando incluir mais seções do Código Penal Indiano na contra-queixa. Ela também registrou uma reclamação contra um policial por sujeitá-los à tortura física e mental”, disse Samson Christian, secretário do Conselho Geral dos Cristãos da Índia.
A Alta Corte de Gujarat realizou a primeira audiência de um “requerimento criminoso especial”, com a próxima sessão agendada para 16 de novembro. Os cristãos pediram à corte para acrescentar em suas queixas que os agressores portavam armas letais, que fizeram intimidações criminosas e que os confinaram e extorquiram erroneamente.
“As vítimas irão fazer outro requerimento, pedindo para cancelar a queixa falsa contra eles”, Samson acrescentou.
Os oito foram presos sob alegações de conversão forçada, tentativa de assassinato e porte de armas de fogo em 24 de setembro. Kanji Budha Nayak, o queixoso e também agressor dos cristãos, disse que, quando ele tentou resistir à conversão forçada, um dos obreiros atirou contra ele.
No dia 15 de outubro, depois da intervenção da Alta Corte, a polícia arquivou a contra-queixa do ataque, direcionada contra os nove extremistas hindus, incluindo Kanji. A contra-queixa também era contra o subinspetor de polícia Sharma, da delegacia de Devgarhbaria, por torturar os cristãos.
Samson disse que Sharma agrediu Madhu Jagan Baria, um dos oito cristãos, há cerca de dez dias. Isso porque Madhu se recusou a dar uma falsa declaração de que ele não havia sido torturado. Até o momento, Madhu estava em um hospital em Ahmedabad recuperando a perna quebrada.
Samson afirmou que, desde que os cristãos foram libertados sob fiança no dia 29 de setembro, Sharma os tem torturado física e mentalmente.
Atacado de emboscada
Segundo os cristãos, o ataque de 20 de setembro aconteceu quando o pastor Arul Daniel e sua família, na companhia de outros obreiros do IMS, voltavam da vila Divya, depois de participarem da festa de inauguração da casa de uma viúva, identificada apenas como Gujiben.
Voltando para casa, eles encontraram a estrada bloqueada com ramos de árvores e pedras. À medida que eles diminuíam a velocidade de suas motocicletas, um grupo de 10 pessoas, com pedaços de pau e armas letais, os atacou.
“Eles puseram uma faca afiada no pescoço do pastor Daniel e ameaçaram matá-lo se ele resistisse”, Samson disse. Eles roubaram o telefone e o dinheiro do pastor, além de arrancarem a corrente de ouro de sua esposa.
Os assaltantes tomaram outros celulares e pertences. Samson diz que o grupo levou os cristãos à estrada principal, maltratando-os em todo o caminho. Quando os cristãos chegaram à vila Vankadi, era muito tarde e então eles decidiram ir à delegacia na manhã seguinte.
Mas, antes que os cristãos pudessem ir à delegacia, um policial chegou cedo, pela manhã, e levou-os para a delegacia de Devgarhbaria, onde o subinspetor Sharma disse que havia sido feita uma queixa contra eles. Sharma também se recusou em arquivar uma contra-queixa em favor dos agredidos.
Quando eles insistiram na contra-queixa, o policial os ameaçou.
Conforme Samson, os líderes do Conselho Geral também entraram em contato com a polícia, insistindo que eles registrassem a queixa, mas eles se recusaram, e nem permitiram que os cristãos recebessem tratamento médico. Eles foram detidos na delegacia até tarde da noite do dia 21 de setembro.
Samson acrescentou que se o governo do Estado tenta justificar a aprovação de uma emenda da lei anticonversão, a chamada emenda da Lei de Liberdade Religiosa 2006. Para isso, tem-se registrado casos contra membros da minoria cristã. Samson diz que organizará grandes manifestações em nível nacional para atrair a atenção do governo federal e da comunidade mundial.
Fonte: Portas Abertas