Em várias províncias da China, crianças foram proibidas de participar de acampamentos de verão este ano. Em algumas regiões, todas as crianças em idade escolar e professores receberam notificação para não ir à igreja. Essas restrições foram anunciadas onde o número de cristãos é relativamente alto, como nos arredores de Fujian, Zhejiang, Jiangsu e Henan, e também na região autônoma do Norte, que é o interior da Mongólia.
Em Fuzhou, a capital da província de Fujian, a notificação recebida pelas igrejas dizia que “é proibido forçar juvenis a acreditar em alguma religião” e também que “é proibido realizar atividades religiosas em lugares não registrados sem uma licença prévia”. As restrições circularam via redes sociais. A mensagem que as igrejas de Henan receberam dizia que a proibição de atividades para jovens visava a “proteger a saúde e a segurança dos adolescentes durante os dias quentes das férias de verão”.
No entanto, uma agência cristã on-line de notícias (UCAN) diz que em Zhejiang, a notificação sugeria um motivo diferente. “Crianças pequenas recebendo educação religiosa nas igrejas poderia afetar seriamente a implementação do sistema de educação”, dizia a nota. Em Wenzhou, uma professora mandou uma mensagem de áudio aos pais alertando-os para não levar as crianças à igreja. Ela havia recebido a instrução da secretaria da educação e os pais tinham sido avisados que inspetores fariam investigações abertas e secretas aos domingos para averiguar quantas crianças frequentam a igreja”.
Contexto político
As igrejas na China já eram proibidas de evangelizar crianças, mas quase toda igreja tem escola bíblica dominical para os pequeninos. De acordo com uma fonte local, as autoridades geralmente fazem vistas grossas a isso para evitar conflito com as igrejas.
De acordo com essa fonte, atividades para jovens e adolescentes é um assunto delicado. “Em um acampamento com um grande número de pessoas ou estrangeiros, você pode contar com a atenção do governo. As igrejas que fazem esse tipo de evento procuram ser o mais discretas possível para evitar intervenções”, analisa. Ele acha que esse tipo de restrição não é um sinal de perseguição sistemática aos cristãos na China, mas serve como uma alerta para as igrejas minimizarem as atividades com jovens e estudantes.
A Portas Abertas aponta que existem cerca de 97,2 milhões de cristãos na China. O teólogo americano Richard Mouw, que viajou por toda a China, diz que os cristãos na China enfrentam uma crescente perseguição, à medida que a pressão aumenta para se adequar às políticas do governo. Segundo ele, a regulação de leis religiosas é mais influenciada por fatores políticos do que por sentimentos antirreligiosos. Em sua análise, é importante para o presidente Xi Jinping manter a pressão em elementos da cultura que podem fazê-lo parecer fraco. Portanto, sua mensagem para os grupos religiosos é: “Não façam coisas que me façam impor mais restrições”.
Fonte: Missão Portas Abertas