Quando um muçulmano decide seguir a Jesus, precisa estar consciente das consequências da nova escolha. Alguns enfrentam o desprezo dos familiares e vizinhos, outros se encontram na pobreza ao perderem os empregos.
Muitos ficam à margem dos serviços públicos, por serem cristãos convertidos. A situação de uma pessoa com necessidade especial é ainda mais vulnerável, prova disso é Achiam*, uma jovem deficiente visual de 20 anos que vive no Chade.
Ela é a única seguidora de Cristo na aldeia, onde moram cerca de outras duas mil pessoas. A cristã recebeu a equipe local da Portas Abertas em uma cabana feita de tijolos de barro e telhado de palha. Achiam também estava de passagem pelo local, já que era o período de férias escolares.
Em 2005, a jovem foi aceita em um colégio para cegos e lá teve contato com o evangelho. Seis anos depois de frequentar a igreja com os colegas, ela decidiu entregar a vida a Jesus e viu as mudanças acontecerem de dentro para fora. Os pais dela também perceberam alterações nos comportamentos da filha.
“Dentro de alguns dias, perceberam que eu não orava mais como eles. Meu pai me perguntou qual era o problema. Confessei que havia me tornado cristã e que não seguia mais o islã”, conta.
O pai de Achiam tentou compreender as causas das mudanças, mas foi em vão. Ele não entendeu e mudou o tratamento com a filha.
“Eu era considerada a pior coisa que já havia acontecido com a família. Todos na comunidade tinham algo a dizer sobre o meu caso. Sou a única mulher da família que teve a oportunidade de ir à escola, e as pessoas da vila disseram ao meu pai que a minha conversão aconteceu porque ele me permitiu ter educação”, testemunha.
Como resultado, a cristã ex-muçulmana enfrentou todo tipo de assédio para convencê-la a retornar ao islã. Porém, sem sucesso.
Desafios de ser cristã em família
Nos três meses de férias que passa em casa, Achiam encontra muita dificuldade em professar a fé. O irmão mais velho inventa motivos para bater nela com a bengala. Quando decide orar, alguém interrompe chamando-a do lado de fora de casa, ela vai conferir quem é, mas não encontra ninguém.
“Agora, se eu quiser orar, espero até tarde da noite quando todo mundo está dormindo. Então, sei que posso interceder sem que ninguém me pare”, revela.
A jovem cristã não recebe ajuda de outras pessoas quando precisa, já que a fé dela é diferente. Também tem pouca convivência com outras pessoas.
“Não posso compartilhar sobre minha fé com ninguém. Ninguém quer me ouvir. Portanto, durante o período de férias, não há com quem discutir minha crença. Estou sozinha”, explica. Entretanto, mesmo diante dos desafios, Achiam não pensa em desistir. “Sei que o fim dessa situação não é para amanhã, mas também sei que meu Deus continuará me sustentando. Eu disse a minha família que estou com Cristo, e que nada no mundo me faria mudar de ideia. Meu Deus me sustenta desde então, por isso não temo nada”, conclui.
*Nome alterado por segurança.
Fonte: Portas Abertas