Muhammad Abbad al-Qader Abbad, um jordaniano de 40 anos que se converteu ao cristianismo há 15 anos, foi acusado por apostasia no último dia 28 de março perante o Tribunal Islâmico de Aman. Muhammad e a esposa, Muna, tem dois filhos: Joy, de 11 anos, e Salam, de 9 anos.

No domingo, 23 de março, Muhammad e Muna foram atacados e espancados por vários cunhados de outro convertido ao cristianismo. O filho dele também foi espancado por várias vezes porque tentou proteger o pai.

“O pai de Muhammad informou o caso à polícia e pediu custódia das duas crianças do casal”, disse um porta-voz da ONG Preocupação Para o Oriente Médio. “Quando Muhammad foi até a polícia registrar uma reclamação contra os agressores, eles lhe disseram que voltasse no dia seguinte”.

Pela manhã, quando o cristão voltou à delegacia, foi levado ao escritório do governador, onde foi questionado sobre sua conversão ao cristianismo.
Em seguida, ele foi enviado para um tribunal da sharia (lei islâmica) e acusado de apostasia. O pai de Muhammad estava no tribunal e pediu ao juiz lhe concedesse a custódia dos dois netos.

Quando Muhammad falou ao juiz, Faysal Khreisat, que ele nunca tinha sido muçulmano porque ele era ateu antes de se tornar cristão, ele foi condenado à prisão de uma semana por desacato diante da autoridade do tribunal.

Algemado no hospital

Ele foi levado de volta para a delegacia de polícia e de lá foi enviado para a Prisão de Jweideh, em Aman. Por causa do espancamento nos dias anteriores, ele acabou desfalecendo por duas vezes, até que foi levado para um hospital, onde foi algemado à cama. No dia seguinte ele foi solto sob fiança.

Uma audiência ocorreu no dia 27 de março, mas Muhammad Abbad se recusou a negar a fé dele e voltar ao islã. O juiz estabeleceu a data então para a sentença dele, domingo 30 de março.

Os advogados o aconselharam a negar a fé porque Muhammad perderia o caso e a custódia dos filhos no tribunal. Por isso o casal decidiu fugir do país na sexta-feira, 28 de março.

No dia 30, o juiz adiou a audiência devido ao fracasso em encontrar Muhammad. E o pai de Muhammad iniciou os procedimentos para dissolver o casamento do filho.

Asilo em país europeu

Depois de se esconder em países árabes diferentes por quase duas semanas o casal viajou a um país europeu e solicitou asilo.

Na Jordânia a apostasia não é uma ofensa criminal e os tribunais islâmicos só têm jurisdição em assuntos pessoais, principalmente sobre a família e a lei de herança.

No dia 16 de setembro de 2004, o Tribunal Islâmico de Aman condenou outro convertido do islã ao cristianismo por apostasia. O matrimônio dele foi dissolvido, ele perdeu os direitos como pai, como marido, e todos os documentos que ele havia assinado foram anulados.

Desde então pelo menos três outros convertidos ao cristianismo foram acusados por apostasia na Jordânia.

Fonte: Portas Abertas

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