Os cristãos estão desaparecendo no Iraque e na Síria e já se encontram entre a minoria religiosa mais perseguida no mundo. Esta é uma das conclusões do Relatório sobre a Liberdade Religiosa no mundo, publicado recentemente pelo Parlamento Europeu:
Os países em que as minorias religiosas são perseguidas são 53, com situação particularmente crítica no Oriente Médio, Paquistão e Nigéria. Somente no Iraque, o número de cristãos caiu de 1 milhão para 200 mil nos anos 90 e pouco mais de 250 mil em 2015. Situação análoga existe na Síria, onde dos 2 milhões em 2011 os cristãos passaram a 600 mil em 2015. Caso emblemático encontra-se em Aleppo, onde permanecem apenas 60 mil cristãos dos mais de 400 mil que ali viviam antes da guerra. Uma perseguição sistemática, que se verifica também contra yazidis e outras minorias muçulmanas. A União Europeia – denuncia o Relatório – faz muito pouco.
No Paquistão é recordado o abuso da Lei da Blasfêmia, que prevê até mesmo a morte para quem difama Maomé. O caso mais conhecido é o da cristã Asia Bibi, na prisão desde 2009. Mas somente em 2015, cinco pessoas foram condenadas com base nesta lei.
Leis ainda mais severas estão em vigor na Arábia Saudita, onde – segundo o Relatório – existem “as mais graves violações da liberdade religiosa no mundo” e se pode morrer por apostasia, blasfêmia e “bruxaria”. Já no Irã, os cristãos presos são mais de 90 e seguidamente são vítimas de agressões.
Na África, a situação crítica é na República Centro Africana, onde as milícias da maioria muçulmana Seleka mataram entre janeiro e abril de 2015 mais de 1.200 cristãos. Mais de 35 mil, por outro lado, são os civis muçulmanos presos nas zonas controladas pelas milícias cristãos anti-Balaka. No Sudão e na Nigéria, onde em 12 Estados do Norte está em vigor a Sharia, os não-muçulmanos correm o risco de serem açoitados e sofrerem amputações. Somente em 2016 foram mortos 4 mil cristãos e atacadas 198 igrejas.
Mas, por que os cristãos são tão perseguidos. Eis o que respondeu à Rádio Vaticano a porta-voz da Ajuda à Igreja que Sofre-Itália, Marta Petrosillo:
“Existem diversos motivos. Antes de tudo porque, como no caso do Oriente Médio, os cristãos são uma minoria em países onde existem atos de desordens e também de tentativas, por parte da religião predominante, de criar Estados de uma única religião. Assim, no caso por exemplo do autoproclamado Estado Islâmico, existe uma impostação direta contra todos os não-muçulmanos. Mas, em geral, os cristãos não são somente perseguidos, mas também discriminados e nível legal: em tantas Constituições existem claras discriminações em relação aos não-muçulmanos. Vimos tentativas de imposição por parte dos fundamentalistas. Penso não somente ao islâmico, mas também, por exemplo, ao hinduísta na Índia ou ao budista, que no Sri Lanka e em Myanmar está atingindo a comunidade cristã de forma grave. Portanto, existem diversos fatores, mesmo a índole pacífica dos cristãos, motivo pela qual a comunidade resulta, sempre mais, a ser a mais perseguida”.
RV: Este último Relatório do Parlamento Europeu acusa as instituições europeia de fazer muito pouco para proteger os cristãos. Qual é a situação no que diz respeito precisamente à proteção internacional das minorias cristãs e das outras minorias religiosas?
“Existe um claro atraso nas várias ações que foram implementadas na defesa dos cristãos. Na realidade, por parte da União Europeia existe movimento: há pouco foi nomeado um enviado para a liberdade religiosa que, mesmo não respondendo diretamente à Comissão Exterior do Parlamento Europeu, representa seguramente um sinal e um passo em frente pelo respeito deste fundamental direito por parte da União Europeia. E em fevereiro passado houve também o reconhecimento do genocídio perpetrado pelo Estado Islâmico contras as minorias religiosas no Iraque e Síria. Isto, certamente, representa outra passo em frente muito importante por parte da União Europeia. Obviamente, tudo isto não basta, mas são necessárias também ulteriores providências sempre mais concretas”.
[b]Fonte: Rádio Vaticano[/b]