A Prefeitura do Rio de Janeiro vem diminuindo, ao longo do primeiro ano da gestão de Marcelo Crivella (PRB), os repasses para festas do calendário católico e da umbanda, como o evento do Barco de Iemanjá, que acontece no próximo sábado (16).
A prefeitura alega dificuldades orçamentárias em decorrência de crise financeira.
Em junho, Crivella anunciou também a redução pela metade do apoio às escolas de samba no Carnaval da Marques de Sapucaí.
A verba destinada à Arquidiocese do Rio de Janeiro, que conta com incentivo da prefeitura para realizar festas e eventos culturais do calendário católico, teve redução de 65% em relação ao ano passado –foram R$ 450 mil liberados até dezembro ante R$ 1,32 milhão em 2016.
No ano passado, último ano da gestão Eduardo Paes (PMDB), houve o pagamento integral da verba prevista. Já neste ano, do total previsto, que já era menor (R$ 840 mil), 53% foram pagos até este mês.
A assessoria de imprensa da Arquidiocese minimizou a redução, dizendo que isso não afetará as próximas datas católicas, como o Natal e o Dia de Reis. A Arquidiocese não comentou de que maneira o corte nos repasses afetou os festejos neste ano.
Já a prefeitura do Rio de Janeiro responsabilizou a crise. “A redução se deu pelas notórias dificuldades orçamentárias vividas pela Prefeitura em decorrência da crise e da determinação de se reduzir todos os custos já no início desta gestão. Em relação aos eventos que receberão verbas, essa é uma demanda que vem da própria Mitra e que é submetida à análise da Prefeitura. Portanto, não há previsão de pagamento nem de quais eventos serão apoiados”, disse, por meio de nota, a administração municipal.
Já o Barco de Iemanjá, evento tradicional da umbanda que homenageia a orixá neste fim de semana em Copacabana, zona sul do Rio, teve sua verba –cerca de R$ 30 mil– suspensa integralmente pela prefeitura. A administração Crivella justificou, dizendo que a renda seria convertida para educação e saúde –sem especificar, contudo, de que forma será empregada.
A Ceub (Congregação Espírita Umbandista do Brasil) afirmou que “falta diálogo” por parte da gestão municipal. “Nós temos vontade de conversar com o prefeito Marcelo Crivella. Seria legal que ele pelo menos considerasse um diálogo com o pessoal da umbanda. Protocolei um pedido de reunião com ele em 26 de janeiro. Até hoje não obtive resposta”, disse Jorge Mattoso, produtor executivo da congregação.
Procurada, a assessoria do gabinete do prefeito declarou que “a Coordenadoria de Respeito à Diversidade Religiosa, vinculada à Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, mantém diálogo com todos os grupos e entidades representativas que atuam no município, inclusive a Congregação Umbandista do Brasil”.
E acrescentou que a Ceub se encontrou três vezes com a RioTur (Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro), órgão responsável por gerir a verba da procissão umbandista, além de reiterar que o canal de contato está aberto.
“A única coisa que lamento é que a RioTur poderia nos ter informado com antecipação [sobre o corte da verba]”, afirmou o organizador do Barco de Iemanjá.
Conforme levantamento feito pelo jornal “Extra” em agosto, houve ao menos sete ocasiões em que Crivella se encontrou com líderes religiosos evangélicos ou judaicos, em compromissos oficiais ou particulares.
Questionada pelo UOL sobre o fato de a agenda do prefeito não estar disponível no site da prefeitura para acesso do público carioca –a exemplo de outros mandatários que administram outras capitais brasileiras–, a assessoria informou que a agenda do prefeito é “dinâmica”, mas que seus compromissos são divulgados diariamente aos meios de comunicação.
Fonte: UOL